Após adiamentos, bancos não apresentam nova proposta. Categoria realiza, hoje, passeata na Praça do Ferreira
Os bancários cearenses entram, hoje, no 14º dia de paralisação sem perspectiva de acordo com os bancos. Após uma série de adiamentos da rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na manhã e na tarde de ontem, a categoria decidiu, durante assembléia, manter a greve por ampla maioria de votos. E à noite, com o anúncio de que a Fenaban não havia apresentado nenhuma nova proposta, a expectativa é de que a paralisação continue até, no mínimo, amanhã.
‘‘Decidimos dar continuidade à paralisação diante da falta de proposta por parte da Fenaban. Estamos sentindo muita dificuldade em abrir um canal de negociação com os bancos por conta da demora, pois a próxima negociação nacional foi marcada para as 18 horas de amanhã [hoje], quando também ocorre grande parte das assembléias estaduais. E mesmo que seja apresentada uma nova proposta, a categoria só poderá decidir finalizar ou não a greve na próxima quarta-feira’’, explica o presidente do sindicato, Marcos Saraiva.
O Sindicato dos Bancários planeja, durante todo o dia, reforçar os piquetes em frente às agências bancárias oficiais como forma de fortalecer o movimento. Também está prevista uma manifestação da categoria a partir das 16h, saindo da Praça do Ferreira até a sede do sindicato, na Rua 24 de Maio.
Os bancários pedem 13,23% de aumento, sendo 7% equivalente à inflação entre agosto de 2007 e de 2008 e o restante de ganho real. Além disso, os bancários reivindicam auxílio-creche e vale-alimentação de R$ 415, além de vale-refeição de R$ 17,50 por dia.
Segundo dados do Sindicato dos Bancários do Ceará, 63,12% da categoria aderiu à greve, o que corresponde a 4.603 dos 7.292 funcionários de bancos. Das 417 agências existentes no Estado, 248 estão sem funcionar, o que corresponde a 59,47% do total. Apenas quatro agências funcionam parcialmente, enquanto as 165 restantes estão com atendimento normal.
A paralisação impede que operações como recebimento de contas, depósitos, abertura e fechamento de contas sejam realizados. Muitos clientes precisam recorrer a supermercados, farmácias e casas lotéricas para fazer o pagamento em dia. Mas de acordo com o advogado da Associação Cearense de Bancos (Abance), Lúcio Paiva, a principal preocupação é com a falta de depósitos bancários e a crescente demanda por saques, que podem ser realizados no caixa eletrônico, gerando prejuízos principalmente para os bancos públicos.
Lúcio Paiva espera que a situação seja resolvida antes que seja decretado dissídio coletivo e o Ministério Público do Trabalho (MPT) tenha que intervir para chegar a um acordo. ‘‘Há 20 anos o sistema bancário não sofre dissídio coletivo. Esperamos que haja bom senso entre as partes e em 48 horas se chegue a um acordo’’.
Diário do Nordeste
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