Rádio Chapada



sábado, 11 de outubro de 2008

OPERÁRIO DO VERSO

por Cacá Araújo

Luciano Carneiro de Lima é uma espécie de mago do verso popular. É como um Midas das letras sertanejas: toda palavra que põe no mundo vira poesia. Constrói seus versos falando sobre religião, problemas sociais, tradições populares. Romanceia e faz humor.

Agricultor, carroceiro e vigilante, Luciano Carneiro é uma das mais respeitadas e reconhecidas expressões do verso popular caririense. Pobre de bens e rico de sabedoria popular, ele é considerado um cordelista completo.

Iniciou em 1975 divulgando suas poesias no Programa Coisas do Meu Sertão, do saudoso poeta e radialista Eloi Teles, primeiro na Rádio Araripe do Crato e depois na Rádio Sociedade Educadora do Cariri. Mas foi aos 12 anos de idade que se revelou como poeta, quando cantava de viola com seu irmão Cazuza.

Fundador da Academia dos Cordelistas do Crato, sendo hoje seu presidente, lá presta serviços como tipógrafo na Gráfica Coisas do Meu Sertão.

Tem mais de 40 cordéis publicados, alguns em parceria, e participa ativamente da vida cultural caririense, sendo referência para novas gerações de poetas e admirado por grandes nomes como Pedro Bandeira de Caldas (cantador), Antonio Vicelmo (jornalista), Ariovaldo Carvalho (ex-prefeito do Crato) e Geraldo Amâncio.

Cantou com Azulão do Norte, Gerônimo Bonfim, Pintassilgo e Zé Gaspar, entre os quais somente o primeiro é vivo e reside em São Paulo.

Poeta respeitado e querido pelo povo simples e por segmentos intelectuais do Ceará, foi jurado de vários festivais de violeiros, participou de festivais de folclore, simpósios de poesia, recebeu homenagens de instituições como o SESC e a Escola Agrotécnica Federal do Crato.

Casado com Luzanira Batista de Lima, com quem teve 13 filhos, dos quais 10 estão vivos, é natural de Teixeira-PB, conhecida como “terra dos poetas”, em 7 de janeiro de 1942, e reside em Crato-CE há mais de 50 anos.

Seu reconhecimento oficial como Mestre da Cultura do Estado do Ceará, através do Edital Tesouros Vivos da Cultura 2008, promovido pela SECULT, significa o enobrecimento da poesia popular e a garantia de melhores condições de peleja em defesa da alma sertaneja universal através de seu verso mágico e elaborado com talento e sabedoria.

“Eu não tive vocação / Pra diácono nem vigário / Tornei-me então um poeta

Não muito extraordinário / Mas sou com muita alegria / No campo da poesia

Um verdadeiro operário” (Luciano Carneiro)



Do Crato, foram inscritos por Cacá Araújo, além do poeta Luciano Carneiro, a mestra de reisado e lapinha Mazé Luna, a mestra de dança do coco Edite Dias e o mestre de banda cabaçal Emídio Barbosa (Mestre Bidu, falecido há pouco mais de um mês).

O nome do cordelista Luciano Carneiro e os dos outros novos Mestres serão levados à publicação no Diário Oficial do Estado e os novos Tesouros Vivos da Cultura 2008 serão diplomados na abertura do IV Encontro Mestres do Mundo, no dia 2 de dezembro, na região do Cariri.

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