Rádio Chapada



segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

AINDA QUE FALASSEMOS A LINGUA DE GÁIA...


Quantos de nós já não ouviu falar dos perigos provocados pelos desastres ambientais que assola não só o Brasil, mas todo o mundo, aquecimento global, efeito estufa, ondas de calor todo esse vocabulário emblemáticos das discussões ambientalistas, se apresentam para nós , como uma falação desgastada, “clichês orgânicos”. Por que será?, que motivos nos levam ao total desapego a questões tão importantes e ao mesmo tempo tão renegada aos planos inferiores, que vão desde nossas práticas mais simples , de lavar nossas calçadas até a inoperância de políticas públicas incisivas que dêem cabo das pressões antropicas geradas, seja ,pela construção civil,seja pela interiorização da industria desenvolvimentista.

O que nos leva por exemplo, a ficarmos por alguns instantes emotivos com a situação dramática por que passa as comunidades interioranas das serras do Rio de Janeiro e logo após estejamos festejando a vinda de Ronaldinho Gaúcho para o flamengo por exemplo, sedimentando nossa atenção a outros olhares. A resposta é a mais cética e seca: NÃO É CONOSCO!!!, e esse sentimento tem tudo haver com a forma em que encaramos as nossas vidas, os valores que acumulamos ao longo dela, a disputa pêlo espaço ao sol, a luta diária pela sobrevivência, não nos permitimos em pensar naquele que do lado está. A sociedade de consumo na qual vivemos orquestrada pelo grande capital,nos forja, nos educa e como um dogma de fé, nos aprisiona em nossas próprias mentes para crermos que o ter, o poder, e o conhecimento, é particular, e somente os INDIVÍDUOS abastados e iluminados tem acesso a eles, que fazem pessoas acreditarem que existem humanos melhores que outros, sulistas melhores que nordestinos, intelectuais melhores que proletários, brancos melhores que negros e assim por diante, desde o advento da propriedade privada e o escambo dando espaço a moeda de troca, nós caminhamos da mesma forma, sozinhos, pesando que o mundo é nosso e que podemos escravizar as pessoas e de sobremaneira a NATUREZA.

A ocupação dos espaços, dessa vez, não desordenada, como nos casos das favelas, mas arquitetadamente planejada, burlando-se a frágil legislação ambiental, conseguido com o uso de subterfúgios que só os grupelhos da pequena burguesia política sabem fazer, licenciamentos ambientais de instalação e operação de condomínios luxuosos em áreas de encosta, nos leitos dos rios, gerando mais impactos ambientais, sem se quer manter projetos de ações mitigadoras, onde o Plano Diretor das Cidades são constantemente desrespeitados. Enfim, uma infinidades de ações individuais que trazem enormes conseqüências negativas ao meio ambiente assim como toda coletividade. A prova maior de tudo isso, é o que está sendo noticiado pelos meios de comunicação, onde, até o momento em que debulho em letras esse pensamento já morreram mais de 400 pessoas no Rio de Janeiro em conseqüências das chuvas.

Somente a partir do enrijecimento da legislação ambiental, com penas mais severas aos que insistem em desmanchar a Floresta do Araripe em carvão, por exemplo, secar nossos mananciais, traficar nossos fósseis, caçar nossos animais, e principalmente edificar condomínios em áreas de proteção ambiental, e acabarmos com práticas muitas vezes fisiologistas de órgãos ambientais e Secretarias INOPERANTES Municipais de Meio Ambientes e com políticas publicas que saibam promover ações de fato integradas com vistas a sustentabilidade real com as demais ações de governo, é que quiçá, poderemos enxergar melhor essas ambientais questões, de forma comum aos nosso dia-a-dia e não distantes do nosso vocabulário corrente.


Prof. Samuel Duarte Siebra
Biólogo

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Hamurábi Batista – Um artista ponteiro




Os pontos de cultura é uma invenção que deu certo. Um dos exemplos vem de Juazeiro do Norte trata-se do Ponto de Cultura Mestre Noza que é gerido pelo ponteiro Hamurábi Batista. Neste Ponto de Cultura, os artistas agora tem a possibilidade de ter acesso gratuito a rede mundial de computadores, além de puderem fazer o registro dos seus trabalhos e isso é conseqüência do trabalho dedicado que vem sendo desenvolvido pelo artista visual e poeta Hamurábi, que recentemente ingressou no Partido Comunista do Brasil – PCdoB.


Alexandre Lucas - Quem é Hamurabi Batista?


Hamurábi Batista - Poeta, xilógrafo, bicho do mato, fruto da década mentirosa, pós ditadura, punk da década de 80 em Juazeiro do Norte.


Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?


Hamurábi Batista - 1980, imprimindo as xilos gravadas pelo pai, em seu ateliê no fundo do quintal. No mesmo ano passou a escrever poesias nas capas dos cadernos, motivado pelas aulas de português e literatura do ginásio. Também passou a modelar com argila.


Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?


Hamurábi Batista - O dia-a-dia, o rock’n roll, o jazz, o blues, os telejornais, a cultura popular, Augusto dos Anjos, Drummond, Bandeira, Abraão Batista, Mestre Noza, Chico Buarque de Holanda... Tom Zé, revolução.

Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?


Hamurábi Batista - A arte é livre, e penetra como o vento em todos os lugares que dêem passagem. Todas as coisas são boas, ruim é quem usa. A arte como instrumento formador de opinião, gerador da revolução. Tudo é política, a arte está em tudo. Reprovável podem ser as atitudes das pessoas, sejam na política, na arte, no convívio, no trabalho...

Alexandre Lucas - Seu trabalho é uma mistura do contemporâneo com o popular?


Hamurábi Batista - Exatamente, tudo que faço é resultado disso. Nasci em 1971, um dos piores anos da ditadura, fui adolescente na transição pra a “democracia”, então, acho estar ali o início da fusão. Não posso deixar de lado a tradição popular. Aquilo que mais quis provar era a liberdade de ser uma pessoa íntegra sem a necessidade de seguir padrão forjado pela ditadura, ou por preconceitos. As pessoas mais legais, são as mais simples... não dá para largar isso: o simples e o complexo, o antigo e o moderno. Uma coisa só existe em oposição a outra. Só existe o “sim” por causa da existência do “não”...


Alexandre Lucas - O que representa para você estar no comando do Centro de Cultura Mestre Noza?


Hamurábi Batista - Poxa, muito massa, sou um cara que dá maior valor para as coisas feitas das formas mais rudimentares, sem obrigação de utilizar os recursos modernos. A Associação dos Artesãos de Juazeiro do Norte, da qual sou presidente eleito pela assembléia geral, é exatamente isso, a auto gestão. Procuro integrar meu conhecimento, e minha escolaridade ao movimento, posso ajudar bastante, já conquistamos boas coisas juntos. O Centro Cultural Mestre Noza, gerido pela associação é esplêndido, magnífico, pua que palavras quando podemos constatar pessoalmente? Visite-nos: rua s. Luis, 96 (antigo quartel) centro.

Alexandre Lucas - Quais os desafios do Centro de Cultura Mestre Noza?

Hamurábi Batista - Todos os desafios estão ligados a um: o escoamento da produção. Este é o foco. Não adianta nada se não superarmos a dificuldade de comercialização dos nossos produtos, não dá nem pra pensar com fome, com dívidas, com planos adiados, frustrações...

Alexandre Lucas - Qual a importância do Centro de Cultura Mestre Noza ser Ponto de Cultura?

Hamurábi Batista - INTEGRAÇÃO, E INTERAÇÃO COM OS DIVERSOS SETORES, LINGUAGENS, E TIPOLOGIAS DA CULTURA E DA ARTE, POR MEIO DA REDE ESTADUAL E/OU NACIONAL DOS PONTOS DE CULTURA, O RECONHECIMENTO POR PARTE DOS GOVERNOS ESTADUAL E FEDERAL, AS OPORTUNIDADES E PERSPECTIVAS QUE SURGIRAM, E PODERÃO SURGIR A CURTO E MÉDIO PRAZOS, INCLUSÃO SOCIAL.


Alexandre Lucas - O Brasil vive um novo momento de caráter progressista na área das políticas públicas para a cultura. Como você percebe essa nova conjuntura?


Hamurábi Batista - Importante demais o fato dos recursos públicos para a cultura estarem passando pelas mãos das comunidades culturais, e dos artistas, através dos editais. Há muitas críticas sobre essa política. Vamos avançar sim, lógico. Vejo que antes não tínhamos nada além do abandono e da indiferença. Vamos em frente aprimorar isso conquistado. Buscar formas mais viáveis, eficazes, inclusivas. Há muita gente ainda sem saber escrever projetos, há muitos compatriotas ainda movidos pelo rancor, pelas seqüelas, vamos incluí-los, vamos libertá-los, já!...


Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho, enquanto artista?


Hamurábi Batista - Procuro fazer com que as pessoas tenham a liberdade de utilizar o recurso proibido à minha geração: o pensamento, a libertação do preconceito, o rompimento das amarras. Busco a pitada, apimentada, o tempero para tornar mais quente, mais penetrante, mais perigoso aos decreptos.


Alexandre Lucas - Você agora é comunista?


Hamurábi Batista - Vou responder com uma poesia:

O QUAISQUERES

Qualquer coisa eu sou um monossílabo

Dividido em qualquer rima

Desigual

Qualquer ISTA que eu não seja

Natural

Sou um EIRO

Qualquer e impossível

Um talvez

Um tampouco

Ou um total

Numa medida qualquer

Que for possível.

Hamurábi

O velho punk com tendências anarquistas dos anos 80, recém filiado ao PC do B, simpatizante de Trotsky, puto da vida com Stalin, apaixonado por Dilma.

É isso aí, é isto aqui: artesanato é meio comunista, é auto gestão, é Canudos, é Caldeirão.


Alexandre Lucas - Como você ver a atuação do Coletivo Camaradas?


Hamurábi Batista - Poxa, tenho o Coletivo Camaradas como referência. Adquiri quando estudava na Urca, Letras. Do pouco que se salva naquela bodega. Com todo respeito aos colegas professores, e aos companheiros estudantes. O Coletivo Camaradas sempre será pra mim uma grande referência daquilo que há de bom.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Camaradas participam da 7ª Bienal da UNE no RJ


Cena urbana carioca terá ações do Coletivo Camaradas durante a maior bienal de arte e cultura do Brasil. Do Estado do Ceará foram selecionados na área de Artes Visuais o Grupo OCO – Ócio Criativo Organizado ( Crato/CE), Amanda Loureiro (Fortaleza) e na área da Mostra CUCA o Coletivo Camaradas (Cariri) a banda Sol na Macambira (Cariri) e na áreas de atividades autogestionadas o Afoxé Dragão do Mar (Fortaleza), além de vários outros trabalhos selecionados nas áreas de Ciência e Tecnologia.

O Coletivo Camaradas participa da 7ª. Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes que acontecerá no período de 18 a 22 de janeiro deste ano na capital carioca. A Bienal é um dos maiores eventos de cultura e arte da America Latina e Caribenha e deverá reunir mais de 10 mil pessoas entre estudantes, artistas e produtores culturais.

Para o diretor de Cultura da UNE e Coordenador Nacional do CUCA, Fellipe Redó a Bienal tem por objetivo dar visibilidade e circulação aos bens culturais produzidos nas universidades e coletivos das artes no Brasil.

Essa é a segunda vez que os Camaradas participam da Bienal, a última foi realizada em 2009 na capital baiana Salvador na qual o grupo participou com as seguintes intervenções: “O que é isso?”, “Comércio Padre Cícero” e “Ninhos de Lixo”. Desta vez foram selecionadas duas intervenções: “Casa Aberta” ue consiste em fotografar moradores de rua e recolocar as suas imagens no espaço urbano e a segunda é chamada de “Alvo” que consistirá em colocar silhuetas humanas nas ruas cariocas lembrando as imagens de tiro-alvo. Esses trabalhos serão transformados em vídeos que serão disponibilizados virtualmente e projetados na Bienal. Além deste trabalho o Coletivo Camaradas realizará outras ações em conjunto com o Centro Universitário de Cultura e Arte – CUCA e o Programa de Interferência Ambiental – PIA.

Para Janaina Fêlix essa é uma oportunidade de crescimento para o Coletivo e ressalta que isso possibilita para os integrantes do Coletivo tenha uma visão mas ampla sobre a produção artística estética brasileira.

Já a cantora Fatinha Gomes destaca que a Bienal tem o potencial de criar novas possibilidades de circulação do Coletivo e diz que isso já vem ocorrendo.

A coordenadora da Mostra CUCA que é produtora cultural, Cássia Olival diz que a Bienal é um espaço de dialogo estético e artístico que aproxima os estudantes e artísticas do Brasil e que muitas vezes criar novas rede de de intercâmbios entre os estados brasileiros.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

André Ferreira – Um misturador de reggae e poesia matuta



A poesia matuta e o reggae se misturam no trabalho do músico André Ferreira que desde menino aprendeu a gostar da poesia popular com a sua família. André prega nos shows que faz com a banda Liberdade e Raiz o amor e a justiça social. Ele é desses que acreditam que a música deve servir para humanizar e refletir sobre às questões que afetam a vida do povo.



Alexandre Lucas - Quem é André Ferreira?

André Ferreira - Um guerreiro espartano no mundo contemporâneo. Mas, lutando com as armas do bem. Buscando ser espada viva e resplandecente por todo este universo.

Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

André Ferreira - Em Janeiro de 2006 foi plantada uma semente no solo fértil caririense, chamada Liberdade e Raiz. Foi quando dei os primeiros passos como músico. Hoje uma árvore com frutos, em meio ao manancial de grandes criadores locais. Faço o que gosto, com a minha cara e com a cara de quem quiser apreciar.
Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

André Ferreira - As principais influências do meu trabalho são as esmeraldas encontradas na poesia matuta. Uma cultura apreciada com agudez por minha mente, corpo e espírito.
O espaço natural, o convívio com as pessoas. Lugares, dias, épocas, tudo e todos. A música em sua magnitude intelectual, filosófica e literária.
Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?

André Ferreira - Arte e política andam lado a lado pelo simples fato da política mundial e a vida do ser humano ser quase todo o tempo embasado na beleza, além, de ser uma forma de educação, diversão e cultura. Conexão interligando o mundo em muitas vertentes.

As diversas artes existentes exprimem a vontade, a cultura, a educação e a liberdade de um povo. Quanto mais diversificada a arte em um país maior sua cultura, educação e liberdade de expressão de um povo, ou seja, mais desenvolvida a nação.

Além do fato de que quanto maior o nível de entretenimento do povo, menor suas intervenções políticas e sociais

Alexandre Lucas - Você é o líder da Banda Liberdade e Raiz. Como surgiu a idéia de misturar reggae e poesia matuta?

André Ferreira - Não foi exatamente uma idéia montada como um quebra cabeça. As composições foram conseqüência da natural essência que se entranhou em meu ser, diante das prosas recitadas na dialética matuta, (Poesia Matuta) exibida por meu avô, Antonio Miúdo, como era conhecido e, meu tio Elizon Ferreira. Que ainda hoje me surpreende com suas histórias contadas em versos matutos.
Alexandre Lucas - A banda continua seguindo essa linha?
André Ferreira - A banda tem uma autenticidade adentro a peculiaridade nordestina e no cenário reggae, deve ser respaldada como proposta única. Pois temos consciência de que somos os únicos fazendo Reggae com Poesia Matuta. Até que um dia, quem sabe, sejamos influência de outros caras. Sim, continuamos enveredando nessa linha.

Alexandre Lucas - Tem crescido a música reggueira no Cariri?

André Ferreira - De fato o movimento reggae cresceu muito nos últimos anos aqui na região do Cariri. Mas ainda não temos as raízes verdadeiras do reggae na cultura local. Isso é com o tempo. As pessoas precisam pesquisar buscando incessantemente entender suas vertentes e principalmente sua maior causa. “Tocar fogo na babilônia”. Que significa, dar amor uns para os ouros. Atingir as pessoas com amor.

Alexandre Lucas - Quando será lançado o segundo CD da Banda?

Atualmente estamos em estúdio gravando o CD ‘Reggae Roots Cordel’. E queremos demonstrar nesse acervo, todo nosso esforço e dedicação, focando e difundindo assuntos diversos, numa pluralidade musical bairrista-universalizada. Esse será nosso CD de Nº 1 gravado em estúdio. Mas já gravamos vários CDs demonstrativos.

Alexandre Lucas - O reggae é uma música discriminada?
André Ferreira - Mesmo no meio do movimento há sempre quem critique. A música do gueto sempre será descriminada, por se tratar de um movimento de protesto, com livre expressão, resistência suburbana e, principalmente da negritude. Dentre outros fatores que contribuem para o desconforto dos escravos capitalistas.
Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Andre Ferreira - Ensinar a valorizar a nossa cultura, nosso povo, nossas raízes. O manancial de nossas águas em meio a o oásis cearense.
Alexandre Lucas - Além do reggae quais os outros estilos musicais que você aprecia?

Andre Ferreira -Blues, um pouco de Jazz, Rock clássico e outras vertentes, Forró de Raiz, Maracatu, Rap Nacional, MPB, Aboios, samba de raiz, Bandas cabaçais, Dance Hall, Rocksteady. Ska, Dub, New Roots, Música instrumental.

Alexandre Lucas - Quais seus próximos trabalhos?

Andre Ferreira -
Com a Liberdade Temos planos em mente.
Mas, particularmente, um CD. Meu novo projeto com a banda Expresso Reggae. Ainda sem nome em esboço, mais brevemente no mercado.

TENTATIVA DE GOLPE POLÍTICO EM JUAZEIRO DO NORTE – CE - NO ANO DO CENTENÁRIO

(mote: Cobra, tiú, camaleão, e outro filho da fruta)

AUTOR: Hamurábi Batista




Juazeiro é centenário,

Sua história é radiante,

Seu romeiro é triunfante

Nas contas desse rosário:

Mãe das Dores, Pai vigário

Meu Padrin, Santo advento.

Já foi palco, em outro tempo

Dias de glória, e de luta

De sanguinária disputa,

Tortura, e perseguição,

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



2

Em 14, em nossa História,

Deram golpe, pretenderam,

Crueldades cometeram

Disseminando a escória,

Em sua intenção inglória

Para matar Padre Ciço,

Detonaram seu toitiço

Perseguindo ao romeiro

Confrontaram a Juazeiro

E levaram pau na luta:

Escangalho, má conduta

Para tomar no canhão,

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



3

São capazes da trapaça

Pela gana do poder,

Pra se auto promover,

Praga ruim, engodo, traça,

Joga sujo, faz pirraça,

E engana a população,

Compra até televisão

Para enrolar quem escuta,

Atrapalha, dificulta,

Em prol da abominação,

Cobra, tiú, camaleão

E outro filho da fruta.



4

Em Juazeiro, desterro,

Implantou-se a confusão,

De outra coligação

Para tomar o governo,

Cometeram o mesmo erro

Ao distorcer a demanda,

Pois fazem má propaganda

Desque perderam a eleição.

Do passado, agora, então,

Vão repetir a disputa?

Pode ser filho do cão,

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



5

Difícil é administrar

Com inimigo tinhoso,

Diacho ruim, duvidoso,

Bodejado, e bafafá,

Pois no seu lado de lá

Do que fez, acusa agora,

Usa a mídia, nos devora,

Para enganar quem escuta,

Eleitoreira conduta

Promovendo a enganação,

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



6

Quando Collor, noutra via,

Deu mancada, foi cassado,

O que se viu no passado

Foi mesmo democracia.

Como foi? No mesmo dia

O vice eleito assumiu.

Em Juazeiro se viu

O clamor da ditadura,

Tomaram a prefeitura

Atrapalhando a labuta

Num golpe frouxo, fajuta,

Para enganar o povão

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



7

Com artimanha caçaram

A prefeitura atual.

Numa manobra anormal

Ao vice também barraram,

Nem sequer argumentaram

Ao planejarem seu golpe,

Pois selaram em envelope

A sua própria ruína,

Embasados na doutrina

Do diacho ruim que disputa,

Difama, atrapalha, insulta

Desque perdeu a eleição

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.



8

Faço alerta à Juazeiro

No ano do centenário,

Veja bem no calendário

O golpe sujo, matreiro,

Veja quem falou primeiro

Para acusar de tortura.

No golpe da prefeitura

São capazes da trapaça,

Pois que dele mesmo faça

Camufla, mente, insulta

Para acusar na disputa

Desque perdeu a eleição

Cobra, tiú, camaleão,

E outro filho da fruta.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A menininha

Vou ganhar essa noite
Desvendar o cheiro de enlatados
Cobrir-me de cansaço
Avermelhar os olhos
Jogar pedras como se jogasse bolas
Na retaguarda silenciosa dos postes guardiões das noites
Refletir sobre os sapatos gastos
E os pratos vazios
E o arco para o qual me deparo
Paro,
Lembro-me do sorriso de uma menininha suja
( cinco anos)
Que a coloquei nos meus braços
ou ela me colocou nos seus frágeis bracinhos
Como se o seu silêncio fosse um grito
Para banhar a sociedade que lhe sujava.

Alexandre Lucas

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

sábado, 8 de janeiro de 2011

Ricardo Campos - O observador dos marginalizados

Poeta, contista, artista visual e acadêmico do Curso de Artes Visuais da Universidade Regional do Cariri – URCA, Ricardo tem como ingrediente para a sua produção estética e artística o cotidiano das pessoas que estão à margem da sociedade. Campos tem clareza que a arte não é dom, mas domínio.

Alexandre Lucas - Quem é Ricardo Campos?

Ricardo Campos - Sou um bom garoto (segundo minha mãe), além disso, sou estudante de artes visuais (URCA) e me dedico ao desenho e a criação literária. Tive 03 exposições individuais, 04 coletivas, participo freqüentemente de recitais poéticos, e tenho 2 publicações (contos) pelo Sesc e pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

Ricardo Campos - Muito cedo me interessei pelo desenho, ainda criança. Na adolescência descobri a poesia, mas a só aos poucos anos fui realmente começar a entender que aquelas idéias meio lunáticas que povoavam minha cabeça poderiam ser organizadas num trabalho realmente de cunho artístico. Descobri que a arte não era dom, mas domínio.

Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

Ricardo Campos - Os quadrinhos, a pop arte, o bar de Ciço Pebinha, Rubem Grilo, Fernando Sabino, Ferreira Gular, Modigliane, A pedra do Vento, Roberto Carlos, Salvador Dali, Millor Fernades, The doors, o Tocha Humana, Henri Miller ...

Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?

Ricardo Campos - A política esta em toda relação humana. Não se pode desassociá-la da arte, mesmo que o artista não tenha essa clareza das coisas, seu trabalho, sua cultura e ele mesmo, tem influencia das políticas praticadas na sua sociedade. Agora, o grande lance é como absorver e reinterpretar essa parada.

Alexandre Lucas - Como é essa história de pesquisar sobre a boêmia como matéria para a sua produção estética e artística ?
Ricardo Campos - Não se trata de pesquisar sobre a boêmia, na verdade eu observo seres humanos. personagens marginalizados e situações ordinárias.
Meu ultimo trabalho o “guardanapos” este sim, foi uma serie de desenhos em nanquim onde o foco era a noite boêmia na periferia.

Alexandre Lucas - Fale sobre seu trabalho visual?

Ricardo Campos - Sou um Desenhista de mim mesmo. Mas não desenho ou pinto o que gosto. Pelo contrario, algumas vezes reescrevo o que não gosto, ou o que não encontro ou o que a maioria das pessoas acredita que não vale à pena. Gosto de trazer a tona detalhes de coisas que normalmente não se dar conta.
Alexandre Lucas - Fale sobre o seu trabalho literário?

Ricardo Campos - Não há diferença no meu processo criativo (desenho, pintura, poesia ou conto).
Desde criança quando vejo uma imagem que me chamava atenção junto a ela automaticamente segue-se no pensamento uma frase ou uma citação de efeito. O exemplo mais recente disso é a minha ultima exposição individual (guardanapos) no Centro Cultural do Banco do Nordeste de Sousa PB. Que discute o mesmo universo e tem a mesma pegada poética do meu ultimo conto (A sombra do invisível) que foi recentemente publicado pelo SESC Crato. (um dos 10 selecionados da III Coletânea de Contos SESC)


Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Ricardo Campos - Sempre tive o ser humano como protagonista no meu trabalho, principalmente os marginalizados.

Alexandre Lucas - Você acredita que a Academia elitiza a arte?

Ricardo Campos - A academia me elucidou muitas coisas que via de maneira totalmente leiga no campo da arte. Penso que ela é fundamental para qualquer caminho que se deseje seguir. Mas também vejo a academia (no que diz respeito à arte) como uma escolinha de futebol. Que ajuda o garoto na disciplina e no treinamento tático, mas que se não tomar o divido cuidado pode-se perder o gingado e a malandragem, engessando e castrando sua poética.

Alexandre Lucas - Qual a importância de se fazer uma arte para as camadas populares?

Ricardo Campos - Boa pergunta. Arte que atinge as camadas populares pra mim, é a que a academia e os próprios artistas “conceituais” chamam de artesanato. A maioria dos artistas “contemporâneos” que conheço elitiza a arte. Produzem para um grupo muito restrito da sociedade, e deram pra chamar a arte popular de ingênua (Naif). Mas na real, pra mim o que é mais importante não é fazer arte para o grupo A ou B, o fundamental é fazê-la legitimamente, torná-la verdadeira e honesta.

Alexandre Lucas - Como você enxerga os coletivos de artistas?

Ricardo Campos - Muito positivamente. E o que mais me alegra é a diversidade de interesses que muitos desses grupos revelam.
Alexandre Lucas - Você é um artista que busca novos suportes para o seu trabalho?
Ricardo Campos - Sim. Mas isso pra mim não é uma paranóia. Tenho medo de me transformar num charadista. Só vou Desenhar numa melancia quando puder defender o motivo desse feito com honestidade.

Alexandre Lucas - Qual a importância do Coletivo Camaradas?

Ricardo Campos - O coletivo Camarada é o coletivo mais atuante da região. Independente de ideologia, o que me deixa muito feliz é o trabalho feito nas comunidades carentes, com a facilitação de oficinas, trazendo jovens para experimentações artísticas. Construindo uma corrente de pessoas interessadas na arte e na solidariedade. Gostaria de ter mais tempo para reforçar essa corrente.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Filomeno Eufrásio, um anônimo inventor de sonhos


Quem diria, que em meados da década de 70-80, o Crato conheceria o seu mais nobre e simples inventor de robôs. homem humilde nascido em Crato no sítio bebida nova, 50 anos de um sólido e feliz casamento, conquanto, felizes estavam sempre ladeado de seus quatro filhos, ( Atônio Soares,Aloísio Soares, Francisca Soares e Luciana Soares Eufrásio).

Homem simples de origem rural, migra para o centro urbano de Crato para ensaiar a profissão de funileiro e pintor de carros, consegue então, estabelecer-se no ramo, pela competência de seus primorosos serviços, conhece então o senhor Edival Saraiva, pai de Julio e Anália, com o qual fez grande amizade ao trabalharem juntos. Seu Filomeno como era conhecido, tinha uma grande paixão pelos seriados de ficção cientifica, e de programas infantis que em seus conteúdos apresentavam aquilo que para ele, era a grande prova do avanço tecnológico, algo quase que imaginável, UM ROBÔ, sem nunca ter visto , no devaneio de sua criativa imaginação, resolveu, construir um. Fez o primeiro, depois o segundo, a impressa da época fez a cobertura do grande feito, magnífica proeza, além de se deslocarem os famosos robôs articulavam braços mãos e pernas ,emitiam luzes um verdadeiro festival, sem contar do impressionante acabamento dado as peças.

Seu Filomeno no entanto, sabia que aquele seu feito tinha, entre outras coisas além do reconhecimento natural de suas obras uma pitada de realização pessoal,pois era uma grande entusiasta, no entanto seu projeto aguçou outros projetos como foi a idéia de se construir um grande helicóptero que sobrevoaria a cidade de Crato, partido do terraço da casa de seu amigo Edival Saraiva , que logo foi desmotivado por questões de segurança por militares da aeronáuticas que por aqui moravam. O fato é, que essas pessoas que fizeram e ainda fazem a história do Crato, na grande maioria das vezes ficam no esquecimento da história de nossa gente.
Seu Filomeno Eufrásio, faleceu no dia 15 dezembro de 2010 aos 82 anos por um ataque cardíaco, seu robôs que fizeram parte da historia cultural do Crato estão empoeirados na oficina de seu filho Aluísio, ao invés de estarem num museu, para que possa por meio deles, ser recontado em prosa e verso as pitorescas histórias do povo do Crato, como tantas e tantas histórias perdidas, seja pela inoperâncias de políticas publicas que deveriam resguardar a trajetória no tempo de seu povo, seja pelo nosso embaraçoso jeito de ver as coisas que são ditas “velhas”.

Porém, é bom que lembremos, que a finitude é extremamente democrática, virá para todos e todas, independente de nossa classe, raça,cor e opção religiosa, para tanto, façamos diferentes daqui para frente. Parabéns aos familiares do senhor Filomeno Eufrásio, esse grande herói, que nos mostrou que mesmo na simplicidade podemos sonhar... e sonhando podemos alçar novos voos, quebrando paradigmas.

Samuel Duarte Siebra
Professor da Rede Estadual de Ensino