Rádio Chapada



domingo, 26 de setembro de 2010

(RE) CONSTRUINDO A IDENTIDADE CARIRI



Brevemente, podemos dizer que identidade é aquilo que se é: “sou índio”, “sou branco”, “sou negro”. Dessa forma identidade parece ser algo positivo, (“aquilo que sou”), uma característica particular um fato autônomo. Esta, por sua vez, também, possui uma relação de dependência da diferença quando digo: “sou índio” estou diferenciando, negando; “não sou negro”, sob esse aspecto identidade é o ponto de origem que define a diferença; dizer o que sou implica dizer o que não sou.Podemos ainda, dizer que é o resultado de atos de criação, não são elementos da natureza, não são essências, ela é ativamente produzida, é uma produção cultural e social da cultura e dos sistemas simbólicos que a compõem.

A identidade “ser índio”, não pode ser vista, compreendida fora de um processo de produção simbólica, ela, só possui sentido em relação com uma cadeia de significados formados por outras identidades étnicas. A afirmação da identidade dos grupos sociais traduz o desejo desses grupos sociais, garantirem o acesso privilegiado aos bens sociais. A identidade está sempre ligada ao poder; incluir, excluir (esse pertence, esse não pertence), demarcar fronteiras (nós e eles), desenvolvidos e primitivos o que mostra a utilização de uma forma de classificação estruturada em torno de oposições binárias.

Há sempre nos grupos a busca de uma identidade como norma, a identidade normal é natural, desejável, única, essa possui tal força que nem é vista como uma identidade e, sim, como a identidade, por exemplo; numa sociedade de supremacia indígena “ser índio” não é considerado uma identidade.

No caso dos processos de reconstrução de identidades étnicas é comum o uso de mitos fundadores, a construção de símbolos étnicos: a língua e os mitos são elementos centrais nos processos de reconstrução identitária, pois, a memória coletiva é um fenômeno importante construído coletivamente e submetido a flutuações, transformações, mudanças constantes que muito contribuem com o sentimento de identidade, ou seja, o sentido da imagem de si, pra si e para os outros.

No processo de reconstrução de identidades étnicas há três elementos essências a serem observados: a unidade física, (fronteira de pertencimento ao grupo), a continuidade dentro do tempo, o sentimento de coerência (os diferentes elementos que formam um indivíduo são efetivamente unificados).A reconstrução da identidade coletiva dos remanescentes Cariris é, então, todos os esforços que o grupo tem feito longo do tempo, todo o trabalho necessário para dar a cada membro do grupo o sentimento de unidade, de continuidade e de coerência.

Após essa breve abordagem do resgate da identidade étnica Cariri, podemos dizer que; essa retomada esse resgate, se situa no campo da identidade coletiva resgatada uma vez que esta é percebida pelo contraste de um grupo ante outro grupo.

Contudo, é suficiente para entendermos o processo de retomada da identidade Cariri na comunidade de Monte Alverne em Crato, nos situarmos no campo da identidade considerando-a como um sistema de representações e símbolos que estão contidos em estórias, memórias, e imagens que servem de referência para esse grupo.

Francisco Filemon Souza Lopes
Aluno de Graduação do Curso de Ciências Sociais – URCA
Atuante na Pesquisa sobre Identidade Étnica Cariri

domingo, 5 de setembro de 2010

Coletivo promove oficina de formação para novos integrantes


Umas das exigências para ser do Coletivo Camaradas é estudar sobre arte numa perspectiva histórica e social. O grupo desenvolve um trabalho de arte que envolve a compreensão da arte relacionada com a estética, política, cultura e educação.


Os Camaradas visando agregar novos integrantes e possibilitar o entendimento das idéias defendidas pelo Coletivo realizará no período de 16 a 18 deste mês, no auditório do Centro Cultural do Araripe, no Crato, a Oficina “O que é o Coletivo Camaradas?”.


A oficina tem como objetivo abordar temas como a história do coletivo, arte e marxismo e o papel político do Coletivo Camaradas. Além das abordagens teóricas e informativas serão realizadas intervenções urbanas, na qual os participantes poderão vivenciar um pouco do fazer e pensar artístico do grupo.


As ações vivenciais serão desenvolvidas pelos artistas Ricardo Campos, Marlon Torres, Fatinha Gomes, Amanda Priscila e Edival Dias.


A estudante Janaina Felix, integrante do Coletivo, destaca a importância da oficina para aproximação com o próprio universo da arte. Ele frisa “defendemos que a arte faça parte da nossa vida”.


A atriz Sâmia Xavier enfatiza que o coletivo não faz arte pela arte, mas uma arte política, com um aspecto revolucionário. “Esse talvez seja o nosso diferencial e fazemos questão de mostrar”, ressalta a atriz.


O artista e acadêmico do curso de Artes Visuais da Universidade Regional do Cariri, Ricardo Campos diz que a sua motivação em participar do Coletivo é a idéia de discutir e propor ações nas periferias. Ele comenta ainda que é importante a ponte feita pelos Camaradas em propiciar o dialogo da arte contemporânea com o povo.


A oficina é direcionada para as pessoas que tenham interesse em ingressar no Coletivo. As inscrições poderão ser efetuadas pela internet, basta enviar um e-mail manifestando o seu interesse para coletivocamaradas@gmail.com


Serviço:
Oficina “O que é o Coletivo Camaradas?”
Dias 16 e 17 de setembro, das 18h30 às 21h00
Dia 18, das 8h00 às 12h30
Local: Auditório do Centro Cultural do Araripe
Informações adicionais:
(88)99772082

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O bobo não é palhaço




Bufão! Que culpa tem o palhaço? Alegre, colorido, corajoso e capaz de encantar gerações e multidões com suas ações risíveis.

Não entendo que culpa tem o nosso personagem universal. Creio que nenhuma. O palhaço é mesmo isento de ser punido por proclamar o riso. Ele decreta a palhaçada sem nenhum protocolo. O nosso riso não perpassa por regras, vem espontaneamente, nem precisamos comprar nem vender o riso.

Mas calma, nem sempre é assim a história. Ainda tem muito bobo da corte, rondando os palácios das elites econômicas, não os confunda com os palhaços. Os palhaços merecem respeito, deixemos jorrar a palhaçada, o povo quer rir com a alegria que humaniza.

Deverás não posso ser amigo do rei, portanto não posso ter um bobo da corte, também não quero ter um guardião parasita, tipo esses bobos da corte. Esses bufões são escudeiros dos seus interesses, só querem ser corte. Cortejam para lá e para cá, rezam todos os dias pelo aumento do peso dos seus bolsos. Esses bobos são uma patota de espertalhões. Ainda têm muitos que são os bobos tapiocas mudam de lado quando as coisas esquentam ou fracassam.

A origem dos bobos da corte tem início no período medieval, nome dado ao serviçal da Monarquia responsável por entreter os reis e rainhas, uma espécie de bajuladores de plantão, coisa muito típica ainda na contemporaneidade. Acredito que seja possível que existam cursos profissionalizantes de bajulação, com carga horária eterna.

Creio que a palhaçada está liberada, apesar de ainda existirem muitos bobos da corte, que nada te a ver a alegria do povo. Mas quem será o rei, neste tempo de decadência de reinados? É difícil identificar, mas ele vem sempre com um discurso de ordeiro, imparcial e de defesa da sua propriedade capital. Cuidado, os reis estão soltos e os seus bobos ainda os fazem rir.

Salve a palhaçada!



Alexandre Lucas

Pedagogo, Artista/educador e Coordenador do Coletivo Camaradas

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Espetáculo de Dança do Cariri será apresentado na Europa



A pré-estréia do espetáculo Arte e Cultura em Transe acontece nesta sexta-feira, no Teatro Salviano Arraes, no Crato. O espetáculo é resultado de pesquisa em torno da formação do povo brasileiro.

A diversidade e a junção dos elementos que compõe a dança brasileira a partir das influências indígenas, africana e européia estão presentes no espetáculo “Arte e Cultura em transe”. O espetáculo busca explorar predominante as raízes afro-brasileiras tão presentes na mistura do caldeirão cultural do nosso povo.

Arte e Cultura em transe será apresentado na Alemanha já agora no dia 14 de setembro e terá agenda preenchida até o dia 06 de outubro. O espetáculo é dirigido pela coreografa Edilânia Rodrigues e Elisangela Nepomuceno que fazem parte da Companhia de Dança Vid´Art do Projeto Nova Vida.

Para esse primeiro momento participarão cinco dançarinos, além da coreografa Edilânia Rodrigues e do músico Ronaldo da Silva.

A ida da companhia para Alemanha se deu pela parceria desenvolvida pelo Projeto Nova Vida e a entidade alemã Aktionskreis Pater Beda. O Nova Vida é uma ONG que foi criada em 1992, cujas ações têm como foco uma educação voltada para a cidadania através do acompanhamento educacional, cultural e formação profissional de crianças, adolescentes e suas respectivas famílias. A entidade funciona na Comunidade do Gesso no Crato, antiga zona de prostituição que por muitos anos sofreu com a inexistência de políticas públicas.

Além da Alemanha a Companhia participa em agosto do próximo ano da Jornada Mundial da Juventude que será realizada na Espanha. Para esse evento deverão participar um numero maior de integrantes.

Para a coreografa, Edilânia Rodrigues existe uma grande expectativa em torno da ida para Europa. Ela destaca que a intenção é aproveitar a oportunidade para fazer intercâmbio e compartilhar experiências tanto artísticas, como culturais. A coreografa enfatiza que o espetáculo foi montado a partir dos elementos da brasilidade, além de abordar outras questões como meio ambiente, seca e religiosidade de matriz africana.

O espetáculo poderá ser visto nesta sexta-feira, a partir das 19 horas, no Teatro Salviano Arraes, no Crato.Entrada franca. A pré-estréia no Cariri visa aglutinar e perceber os olhares dos dançarinos, coreógrafos, diretores teatrais, músicos e atores em torno do espetáculo.

Serviço:

Projeto Nova Vida

www.novavida.apoio.de

(88) 33523/4036/35234166

Coordenador do Projeto Hermano José de Sousa (88)88063056

Email: hermanojosedesousa@yahoo.com.br