Rádio Chapada



sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Graciliano - Um escritor comunista


Evento multimídia gratuito celebra 70 anos de lançamento do livro "Vidas Secas", de Graciliano Ramos


Um evento multimídia gratuito celebrará, em novembro, os 70 anos de lançamento do romance "Vidas Secas", considerado a obra literária mais importante do escritor alagoano Graciliano Ramos (Quebrangulo, AL, 27 de outubro de 1892 - Rio de Janeiro, RJ, 20 de março de 1953).

Marco na literatura brasileira, por trazer um relato contundente sobre a luta pela sobrevivência do sertanejo nordestino, além de abarcar uma crítica social às causas da miséria e do flagelo da estiagem, "Vidas Secas" já vendeu um milhão e meio de cópias e se encontra na sua centésima sétima (107ª) edição.

Intitulado "Vidas, para sempre secas?", o evento-homenagem a Graciliano Ramos acontecerá a partir deste sábado, 1º de novembro (prosseguindo até o dia 30), nos Centros Culturais Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 - Centro - fone: (85) 3464.3108) e Cariri (rua São Pedro, 337 - Centro - fone: (88) 3512.2855) - em Juazeiro do Norte.
Diversas atividaes estão previstas entre palestras, oficinas e exposições.


Biografia de Graciliano Ramos

Primogênito de dezesseis filhos do casal Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ramos, Graciliano viveu os primeiros anos em diversas cidades do Nordeste brasileiro. Terminando o segundo grau em Maceió, seguiu para o Rio de Janeiro, onde passou um tempo trabalhando como jornalista. Volta para o Nordeste em setembro de 1915, fixando-se junto ao pai, que era comerciante em Palmeira dos Índios, Alagoas. Neste mesmo ano, casa-se com Maria Augusta de Barros, que morre em 1920, deixando-lhe quatro filhos.Foi eleito prefeito de Palmeira dos Índios em 1927, tomando posse no ano seguinte. Manter-se-ia no cargo por dois anos, renunciando em 10 de abril de 1930. Segundo uma das auto-descrições , "(...) quando prefeito de uma cidade do interior, soltava os presos para construírem estradas". Os relatórios da prefeitura que escreveu nesse período chamaram a atenção de Augusto Schmidt, editor carioca que o animou a publicar "Caetés", em 1933.
Entre 1930 e 1936 viveu em Maceió, trabalhando como diretor da Imprensa Oficial e diretor da Instrução Pública de Alagoas. Em 1934, havia publicado "São Bernardo", e quando se preparava para publicar o próximo livro, foi preso em decorrência do pânico insuflado pelo presidente Getúlio Vargas após a Intentona Comunista de 1935. Com ajuda de amigos, entre os quais José Lins do Rego, consegue publicar "Angústia" (1936), considerada por muitos críticos como a melhor obra.Graciliano Ramos é libertado em janeiro de 1937. As experiências da cadeia, entretanto, ficariam gravadas em um obra publicada postumamente, "Memórias do cárcere" (1953), relato franco dos desmandos e incoerências da ditadura (Estado Novo) a que estava submetida o Brasil.Em 1938, publicou "Vidas Secas". Em seguida, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, como inspetor federal de ensino. Em 1945, ingressou no Partido Comunista do Brasil - PCB (que nos anos 1960, dividiu-se em Partido Comunista Brasileiro - PCB - e Partido Comunista do Brasil - PcdoB), de orientação soviética e sob o comando de Luís Carlos Prestes.Nos anos seguintes, realizaria algumas viagens a países europeus com a segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, retratadas no livro "Viagem" (1954). Ainda em 1945, publicou "Infância", relato autobiográfico. Adoeceu gravemente em 1952. No início de 1953 foi internado. Faleceu em 20 de março de 1953, aos 60 anos, vítima de câncer do pulmão.O estilo formal da escrita e a caracterização do eu em constante conflito (até mesmo violento) com o mundo, a opressão e a dor seriam marcas da sua literatura. Dono de estilo contundente e direto, Graciliano Ramos é um dos mais importantes autores da literatura brasileira, cujo interesse estético é inseparável do comprometimento ético.Seja por suas intervenções no campo político, pelo empenho em favor dos oprimidos ou ainda pela defesa do artista no mundo moderno, Graciliano Ramos reafirma, de modo inconfundível, o vínculo entre literatura e vida.
Ler os livros do escritor alagoano é tarefa fundamental para todos que têm interesse em entender o Brasil - e entender a si mesmos.

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