Rádio Chapada



quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Aumenta demanda por água em municípios do Ceará

Quantidade de cidades em emergência é menor do que no ano passado, mas a tendência é aumentar o número


Cinquanta e três municípios cearenses entraram com pedido de abastecimento por meio de carro-pipa junto à Coordenadoria de Defesa Civil do Estado. Deste total, 13 são atendidos pelo Exército Brasileiro e 30 já foram avaliados. Esperam a elaboração do documento para definir a decretação de emergência.



Já os municípios restantes serão avaliados no decorrer deste ano, à medida que outras cidades também entrarão com o pedido de abastecimento.



Por mais que o número de municípios atingidos pela estiagem seja menor em relação ao ano passado, a Defesa Civil prevê que pode aumentar a quantidade de cidades atendidas pelos carros-pipas, à medida que ainda serão realizadas mais avaliações nos municípios que enviaram decretos. “Ainda faltam dez cidades a serem avaliadas. Nessa avaliação iremos analisar os prejuízos e se pode haver, ou não, decreto de emergência”, afirmou a assessora técnica do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Estado, Ioneide Araújo.



Ela informa que são avaliados cerca de quatro a cinco municípios por semana. Com isso, o resultado final deverá ser concluído até o início de novembro. A avaliação é realizada “in loco”, sendo verificados os prejuízos econômicos, sociais, humanos, materiais e ambientais, também como a situação e capacidade de armazenamento dos recursos hídricos. “Também não é somente para dimensionar a necessidade de carros-pipas, mas levantar as potencialidades de fortalecimento de recursos hídricos, obras de infra-estrutura e apontar alternativas viáveis para que a política de abastecimento de carros-pipas seja eliminada”, diz Ioneide.



A assessora técnica acredita que mais municípios irão entrar com decreto de situação de emergência na Defesa Civil, em decorrência do fim do período de chuvas no Interior. “Ano passado tivemos muito mais municípios em situação de emergência porque a quadra chuvosa foi muito mal distribuída. Este ano foi bastante acima da média e também já começou o período da estiagem”, completa. Para Ioneide, os momentos sem chuva no Estado comprometem o trabalho dos agricultores, nas atividades de cultivo, bem como os moradores em geral.



Dos 131 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 21 deles encontram-se com nível de capacidade de armazenamento inferior a 50%. No entanto, o nível crítico está relacionado aos açudes que possuem reserva igual ou menor que 30%, como os reservatórios Cedro, Pedra Branca e Pirabibu, na Bacia do Banabuiú, com 6,5%, 26,1% e 8,8%, respectivamente. Outros açudes, como Martinóple, Bonito, Farias de Sousa, Amanary, Pompeu Sobrinho, Caracas e Sousa também se encontram na mesma situação.



De acordo com o presidente da Cogerh, Francisco José Coelho Teixeira, somente quando um açude atinge um nível de armazenamento inferior a 30% de sua capacidade, é que deve-se pensar, cautelosamente, em um gerenciamento hídrico com maior atenção. “Isso acontece todos os anos. Nos açudes de menor porte há uma variação muito grande. Eles tanto são fáceis de encher, como são fáceis de secar quando encerrado o período de chuva. Nós buscamos liberar água como racionalidade para que o reservatório não entre em colapso”, diz.



Francisco Teixeira cita, ainda, a situação dos açudes Cedro, em Quixadá; e Farias de Sousa, em Nova Russas. Os dois reservatórios estão com a capacidade comprometida e encontram-se inviáveis para o abastecimento humano. “Nossa meta é cortar a demanda agrícola e priorizar o abastecimento humano.”, afirma ele.



Os reservatórios integrantes das 11 bacias hídricas monitoradas pela Cogerh, formada por 131 açudes, indicam armazenamento de 76,4% da reserva geral, o equivalente a 13 bilhões de metros cúbicos de água no total.



Água armazenada



Conforme a Defesa Civil, a quantidade de municípios que decretaram situação de emergência está menor em comparação ao mesmo período do ano passado (140). Neste ano, 52 cidades entraram com decreto, sendo apenas 39 reconhecidas e homologadas pelo Governo do Estado.



Os municípios restantes serão avaliados pela Defesa Civil. No boletim disponível no site da Coordenadoria de Defesa Civil, as principais causas dos decretos são enchentes, seguidos de estiagem, abalos sísmicos e erosão marinha.



Municípios em situação de emergência



De acordo com o relatório divulgado pela Defesa Civil do Estado, existem 52 municípios que decretaram situação de emergência, seja por enchentes, abalos sísmicos, alagamentos e perda de safra. São eles: Aurora, Alto Santo, Araripe, Banabuiú, Barro, Bela Cruz, Brejo Santo, Caucaia, Caririaçu, Cariús, Cedro, Choró, Crateús, Crato, Hidrolândia, Icó, Iguatu, Independência, Ipaporanga, Itapipoca, Itatira, Itapajé, Jaguaribe, Jati, Juazeiro do Norte, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Meruoca, Milhã, Missão Velha, Mombaça, Morada Nova, Nova Olinda, Novo Oriente, Ocara, Orós, Pacujá, Parambu, Pentecoste, Penaforte, Porteiras, Quixadá, Quiterianópolis, Quixelô, Quixeramobim, Santa Quitéria, Tabuleiro do Norte, Tauá, Tejuçuoca, Tianguá, Uruoca e Ubajara. Deste total, apenas 13 cidades são abastecidas pelos carros-pipas no Interior. A operação é realizada e coordenada pelo Exército.



Diário do Nordeste

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