Oficina de Marmorização realizada na Cadeia Pública do Crato
A curadoria da exposição é do Coletivo Camaradas e levar o discurso dos detentos e das detentas em evidência. No período de 16 a 20 de fevereiro será realizado no Fórum Hermes Parayba, na cidade do Crato a Exposição Ninho, a qual se trata de trabalhos produzidos por detentos e detentas das cadeias públicas das cidades do Crato e de Várzea Alegre. Os trabalhos de arte e artesanato foram confeccionados durantes oficinas de Percepção de Imagem, Marmorização, Pintura em Cerâmica Quebrada, Peças de Papel Jornal, Crochê, Corte e Costura. Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, Subsecção Crato, Hermano José de Sousa, o intuito é provocar a discussão sobre o papel da reeducação e resocialização dos detentos e detentas com vista a reinserção social. A concepção da exposição foi realizada pelo Coletivo Camaradas que faz um questionamento e colocar o discurso do encarcerado como parte integrante do repensar sobre o sistema prisional.
Exposição Ninho A exposição Ninho é o resultado e crença na viabilidade de conceber o sistema prisional como instrumento de reinserção social. É fruto do trabalho de tomada de posição, que em condições adversas e com recursos escassos, voluntários vestem a camisa da fraternidade e do compromisso com as camadas populares.
O que seria um ninho? Pode ser um emaranhado de galhos...como pode ser o afeto. Ninho é um buraco no chão ou não. Lugar aconchegante, local de proteção. Ninho é um local determinado para se deixar filhotes, recém nascidos que precisam de conforto e carinho para sobreviverem, lugar de repouso, de abrigo, habitação. Espaço de convívio, de aprendizagem, de conflito.
O que seria uma cadeia então? Uma reclusão? Seria o fim de uma reta? Ausência de vida? Tortura? Prisão? Ambiente fechado? Um grupo de animais? Cárcere? Servidão? Local aonde se coloca os presos? Elementos unidos?
Qual a analogia possível entre ninho e cadeia? Qual o papel do sistema prisional? ser ninho ou ser cadeia? Ou nenhum dos dois?
"Tenho muito para reconquistar quando sair daqui...." "tenho muita esperança que um dia irei reconstruir tudo que perdi na minha vida". "A destruição também mora neste lugar". "O clima é de tensão maldade e inveja". "É difícil ter mente sã". "Eu quero o bem". "Mudar de vida e sair do crime". Esses são fragmentos recolhidos de vários detentos durante as oficinas realizadas na Cadeia Pública do Crato que demonstram o caráter conflitante dessas pessoas que tem na sua maioria um traço peculiar, uma trajetória de vida marcada pela exclusão social.
Um texto construído de fragmentos, assim como são estilhaçadas as biografias dos detentos e detentas. Um texto brechiano* para apropriação de uma dada realidade.
O tempo do Ninho é para aprender a voar.
Alexandre Lucas
Pedagogo e Artista Visual
Coletivo Camaradas
* ver Bertolt Brecht, poeta, dramaturgo, teórica de arte e revolucionário.
Sobre a exposição A exposição Ninho é fruto do trabalho coordenado pela Comissão de Direitos Humanos OAB - Subseção Crato em parceria com a Universidade Regional do Cariri – URCA, através da Pró-Reitoria de Extensão – PROEX, Instituto Ecológico e Cultural Martins Filho – IEC, Direção da Cadeia Pública, Projeto Nova Vida e voluntários que consiste na realização de oficinas para detentos/detentas da Cadeia Pública do Crato . Os trabalhos desta exposição são das oficinas de Percepção de Imagem, Marmorização, Pintura em Cerâmica Quebrada, Peças de Papel Jornal, Crochê, Corte e Costura. A exposição reúne também trabalhos dos detentos/detentas da Cadeia Pública de Várzea Alegre. A concepção da exposição ficou a cargo do Coletivo Camaradas e o titulo foi proposto pelos próprios encarcerados.
Exposição Ninho Trabalhos de detentos e detentas das cadeias públicas das cidades de Crato e Várzea Alegre
Realização Comissão de Direitos Humanos OAB/Crato
Parcerias Pró-Reitoria de Extensão da URCA
Instituto Ecológico e Cultural Martins Filho – IEC
Projeto Nova Vida
Juiz da Vara de Execuções Penais/ Comarca de Crato
Sesc Crato
Coletivo Camaradas
Curadoria Coletivo Camaradas