Compositora, pesquisadora, educadora, cantora e "viajada". Auci Ventura se contagiou pela música ainda na infância, a partir das cantigas das brincadeiras de criança. Para a artista “é chegada à hora da reeducação do ouvido, de aprender e ensinar com prazer, abrir o caminho que devemos trilhar na descoberta dos sons. A propósito, o que deve fazer de todos nós, ouvintes atentos do nosso meio ambiente”. Uma artista preocupada com o mundo e com o conteúdo da sua musicalidade.
Alexandre Lucas - Quem é Auci Ventura?
Auci Ventura - Uma pessoa comum que ousa sobreviver daquilo que mais gosta de fazer: CANTAR, que acredita em Deus, gosta de privacidade e de silêncio, amante incondicional da paz e da justiça!
Detesta pessoas desonestas e abomina qualquer tipo de violência, assim como, todo e qualquer tipo de preconceito. Uma pessoa que separa seu lixo a mais de 30 anos e que acredita nessa atitude para ajudar o planeta.
Alexandre Lucas - Como se deu seu contato com a Música?
Auci Ventura - Acho que se deu meio que por acaso, desde criança por volta dos 7 anos nas brincadeiras de calçadas, era muito comum nos anos 70 as cantigas de roda do universo infantil aqui no Cariri.
Aos 8 anos fiz minha primeira apresentação no rádio, com Senhor “Eloia”, aos 9 já estava em São Paulo, aos 16 fiz minha primeira música, (toquei meus primeiros acordes no violão), fiz teatro. Aos 20 já cantava profissionalmente, aos 24, graduada em Educação Artística. O tempo voa kkkkkk.
Alexandre Lucas - Como Caracteriza sua Musicalidade?
Auci Ventura - Como uma propriedade natural inerente a meu ser, que tem por necessidade expansão e divisão. É inquietante e sempre em busca de novas emoções, advindas do universo de sons naturais e artificiais do todo existencial.
Alexandre Lucas - Qual a diferença em tocar em barzinhos e palcos?
Auci Ventura - Palcos Alternativos= Público pré selecionado, convocado.
Barzinhos = Público Livre e diverso (muda só o público, o trabalho em si para mim é igual). O que me importa é mostrar o trabalho, amo todo tipo de público de leigos a críticos.
Alexandre Lucas – Você compôs uma música de protesto contra a Indústria Cultural, qual sua análise das músicas tocadas nos veículos de comunicação de massa?
Auci Ventura - Já fiz várias musicas de protesto, principalmente nos anos 80, a que fiz atualmente trata de questões urgentes da contemporaneidade, lamentavelmente a música tocada para o grande público é de uma qualidade de enlatados para consumo imediato, ainda bem que são descartáveis, não permanecem.
A indústria cultural de enlatados artísticos, lança sem análise qualitativa seus produtos para um público alienável, sem educação auditiva que se condiciona com facilidade pela execução exagerada que a mídia propicia através dos jabás, que dá no que dá: LIXO!
Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre Arte e Política?
Auci Ventura - A Arte está para Política, assim como o farol está para escuridão! É o Norte que dirige o olhar através das diferentes expressões para o acerto final. Que ousa, contesta e segue em frente adaptando-se as diferentes marés sejam cheias ou mansas, que percebe o movimento e cria estratégias para mudar o absurdo.
Alexandre Lucas - Qual a sua percepção sobre a musicalidade produzida na região do Cariri?
Auci Ventura - O Conceito de Musicalidade e Musicalidade Cariri:O que tenho a acrescentar nesse sentido, é que de fato são poucos os artistas da região que mostram em seus trabalhos musicais, elementos dessa musicalidade regional, o que de fato na verdade não tem nada de excepcional em sua estética formal. As referências históricas quanto à etnomusicologia local seguem os mesmo padrões de pesquisas antropológicas de diversas regiões do Brasil, o que afasta a idéia de ineditismo, exceto pela corrente gonzagueana que já faz parte do movimento modernista. Não quero aqui desmerecer os talentos regionais, que alias cito com muito carinho na pesquisa. Apenas quero focar no que realmente ficou na memória.
Tenho percebido através do Teatro, da literatura e das artes visuais produzidas no Cariri, uma representação mais fiel dos caracteres da cultura cariri, a música ainda deixa muito a desejar, mesmo porque em sua origem primitiva, o registro que temos de partituras chega a ser melodias enfadonhas e sem graça. (Auci Ventura apresentou a monografia com o tema: “MUSICALIDADE CARIRI:” UMA PROPOSTA EM ARTE – EDUCAÇÃO)
Alexandre Lucas - Quais os seus próximos trabalhos?
Deixo aqui um pouco do meu momento, que é de muito isolamento e concentração, entre Chapada do Araripe (Silêncio) x Urbanidade perturbada (Barulhos Urbanos), estou no limite, penso em dar uma volta novamente pelo mundo e levar um pouco da escola que pratiquei aqui para outros territórios do planeta. internacionais e nacionais. Me preparando para qualquer proposta descente. kkkk!!!!
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