Rádio Chapada



quarta-feira, 21 de março de 2012

Mazé Sales - Uma palavra viva do Caldeirão




Uma escritora que não se limita. Mazé tem contribuido para o resgate da história regional atraves da literatura. Fiha de remanescente do Caldeirão e autora do livro Auto do Caldeirão - dos calheiros da santa cruz do deserto e do Beato José Lourenço ela afirma que: “Tudo o que minha mãe falava sobre o Caldeirão está ali, contado em forma de teatro. Ela contava que havia abundância de tudo, muita fartura. Tudo era de todos.



Alexandre Lucas – Quem é Mazé Sales?



Mazé Sales - Uma menina da roça que se tornou professora na cidade. Encantou-se com o teatro do Grupo Construção 10 ( anos 70) e gostava de ler. Tomava livros emprestado e os devolvia antes do prazo para ter direito a outros empréstimos. Meus colegas de escola colaboravam comigo trazendo-me cópias de poemas que eu decorava e declamava em algumas ocasiões. Escrevia poemas para os namorados das minhas colegas, a pedido destas. Para isto eu precisava saber como eram eles. Gostava também de escrever diários. Sou também atriz. Passei por alguns grupos de teatro amador como o William Shakespeare, do extinto GMAXO , o ANTA e atualmente estou no LIVREMENTE. Faço Donana na peça Dentro da Noite Escura de Emanuel Nogueira e direção de Jean Nogueira, meu ex-aluno.Tenho também umas pequenas participações em alguns filmes: Padre Cícero ( anos 70), Caminho das Nuvens, O Cinematógrafo Hereje de Jeferson Albuquerque (2011), um conto de Zé Flávio Vieirra.


Alexandre Lucas – Como ocorreu seus primeiros contatos com a literatura?


Mazé Sales - "A Flor e as Fontes" de Vicente de Carvalho foi um poema que me emocionou bastante na minha infância. Ai como eu sofria com o sofrimento da flor! Então, fiz um poeminha para minha mãe. Enquanto escrevia os diários ia também fazendo versos. Minha infância foi recheada por literatura de cordel. Dobrava versos na tipografia São Francisco, antiga Lira Nordestina, e Dona Ana Silva me presenteava com muitos cordéis que eu lia em casa para a família.


Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória:


Mazé Sales - Escrevi vários cadernos de "matérias" de poesias e algumas peças de teatro. Fui à gráfica e vi que não era pra mim. O custo era alto. Como me disse o dono de uma gráfica: "Publicar livros fica pra quem é rico e vaidoso". Fiquei muito triste. Então, resolvi selecionar somente uns cinco poemas que cabia no meu orçamento e assim nasceu Banquete dos Deuses, em 1997. É como dar a luz ao filho desejado.


Alexandre Lucas – Você é filha de Maria de Lourdes Andrade Sales uma remanescente da Comunidade do Caldeirão . Quais as memórias que sua mãe contava dessa comunidade?



Mazé Sales - Tudo o que minha mãe falava sobre o Caldeirão está ali, contado em forma de teatro. Ela contava que havia abundância de tudo, muita fartura. Tudo era de todos. O que me impressiona é saber que havia no sítio Caldeirão muitas fruteiras: bananeiras, laranjeiras, etc. E hoje, você chega lá e pensa que era fruto da imaginação das pessoas. Que naquele lugar não poderia produzir nada. Mas, voltando à realidade da época: havia uma comunidade, sob a liderança do Beato José Lourenço cujo lema era trabalho, disciplina e oração, então, podiam tirar leite das pedras e transformar um deserto em um pomar.


Alexandre Lucas – Você publicou o Auto do Caldeirão - dos calheiros da santa cruz do deserto e do Beato José Lourenço ( Teatro). Como foi essa experiência?


Mazé Sales - Tal como Padre Cícero: Filho do Crato, Pai do Juazeiro foi direcionado aos alunos com os quais eu trabalhava e como os colegas pediam fotocópias, resolvi publicá-los. Era como se estivesse prestando uma homenagem póstuma a todos os mortos no massacre do Caldeirão, bem como aos que sobreviveram e tiveram que calar como se nada tivesse acontecido. Ou falaram baixinho e eu fui juntando os sussuros e os medos e fiz deles uma teia onde a aranha conta a sua história.


Alexandre Lucas – Você escreveu outra peça de teatro em 1999: Padre Cícero: Filho do Crato Pai do Juazeiro. Essa obra levanta que discusão?

Mazé Sales - A prosposta era tão somente didática: contar a história de Juazeiro que se confunde com a do Padre Cícero para meus alunos de Educação Artística do Colégio Salesiano, na época. Revendo o texto, vejo que questionamos coisas que hoje são realidades: os romeiros visitarem também o Crato, Faculdades para Juazeiro, etc.


Alexandre Lucas – Como você define a sua poética?


Mazé Sales - Dizem que definir é limitar. Eu acho que não definir é não saber. E agora? Minha poética é tão minha que não encontra ressonância em nada, a não ser em mim mesma, sem ser original. Talvez em Manuel Bandeira eu tenha me inspirado, mas a minha leitura foi de cordel. Nunca conseguir fazer um soneto nem um cordel porque ambos tem que ser perfeitos. E a imperfeição é um traço forte no que faço, às vezes sem querer. E ainda acho belo, como toda mãe coruja.


Alexandre Lucas – Como você ver a relação entre arte e política?


Mazé Sales - Se "a vida imita a arte e a arte imita a vida" a política deveria administrar a vida em sociedade refletindo sobre as necessidades do povo, visto que os bens são do povo e a estes devem servir e os administradores são colocados pelo povo para cumprir com sua missão de bem administrar e não apenas para o bem estar dos políticos. Proporcionando bem estar a todos, visto que num país rico não poderia haver pobreza. E a arte critica, por mais comportada que seja, essa realidade. A arte é (o) a porta voz da sociedade.


Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Mazé Sales - Como somos produto do meio e sobre o meio atuamos, acredito que meu trabalho, mesmo pouco e pequeno, tenha contribuido para o esclarecimento, do ponto de vista didático, de acontecimentos da história regional ou para simples deleite para quem gosta de ler.



Alexandre Lucas – Quais seus proximos trabalhos?



Mazé Sales - Há quase dois anos está quase pronto: Santidade e Loucura à Beira do Rio Salgadinho. Aguardem! Estou também tentando escrever um infanto-juvenil com acontecimentos fantásticos baseado na Física Quântica. Ai! Será? Porque paranormal não é. Vamos ver! "Quem viver verá!" Quando eu me aposentar vou ter mais tempo para escrever. Será? Obrigada.

sábado, 17 de março de 2012

PCdoB divulga texto da 2ª Conferência Sobre Emancipação da Mulher - PCdoB. O Partido do socialismo.

PCdoB divulga texto da 2ª Conferência Sobre Emancipação da Mulher - PCdoB. O Partido do socialismo.
A Secretaria Nacional da Mulher e o Fórum Nacional Permanente sobre a Emancipação da Mulher do PCdoB divulgaram nesta semana o documento norteador da 2ª Conferência Nacional do PCdoB Sobre a Emancipação da Mulher. O evento acontece nos dias 18, 19 e 20 de maio, em Brasília. Segundo a secretária da Mulher, Liège Rocha, este é um encontro de todo o Partido — homens e mulheres comunistas — para abordar as questões das mulheres.
Leia o documento na íntegra

Buonicore: Astrojildo Pereira e a gênese do comunismo no Brasil * - PCdoB. O Partido do socialismo.

Buonicore: Astrojildo Pereira e a gênese do comunismo no Brasil * - PCdoB. O Partido do socialismo.

Morre o geógrafo Aziz Ab'Saber - Portal Vermelho

Morre o geógrafo Aziz Ab'Saber - Portal Vermelho

Na manhã desta sexta-feira (16), as florestas e toda paisagem brasileira perderam um de seus maiores defensores: o geógrafo Aziz Ab'Saber. Aos 87 anos, morreu em sua casa, de infarto. Professor emérito e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA), da Universidade de São Paulo (USP), é autor de mais de 486 obras, entre artigos acadêmicos, teses, capítulos de livros, prefácios e apresentação de livros, entre outros. É uma referência da geografia em todo o mundo.




Uma das homenagens feitsa ao Prof. Aziz Ab’Sáber, na USP/Fotos: Francisco Emolo, Jornal da USP

Ab'Saber desenvolveu ao longo de sua extensa carreira de cientista, pesquisas e tratados de significativa relevância internacional nas áreas de ecologia, biologia evolutiva, fitogeografia, geologia, arqueologia e geografia. Um deles foi o “Zoneamento Ecológico e Econômico da Amazônia”, de 1989.

Mesmo com a idade avançada, continuava exercendo atividades com certa regularidade. Ele era um apaixonado pela geografia brasileira. Por isso, gostava de falar, de explicar, de ensinar a qualquer um que se aproximasse e pedisse sua atenção.

Na página da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), onde Aziz foi presidente entre 1993 e 1995, e atualmente era presidente de honra da entidade, a secretária Geral da SBPC, Rute Maria Gonçalves de Andrade, assina uma nota intitulada “Ao Aziz com carinho”.

“Repito aqui, o que disse quando fizemos uma homenagem a ele na 62ª Reunião Anual da SBPC... E Aziz é assim como um dos Biomas que ele muito defende: a caatinga – único, rico em simplicidade, repleto de surpresas e diversidade - diversidade de conhecimento e de cultura. Professor Doutor Aziz Nacib Ad Saber somos gratos aos ensinamentos que trouxe para todos nós, pois aprendemos ciência, aprendemos cultura e aprendemos valores”, diz um dos trechos do documento.

Um dia antes de sua morte, o professor, disposto como sempre, fez sua última visita à SBPC, em São Paulo. Em um gesto de despedida, involuntariamente, entregou na tarde de quinta-feira (15) sua obra consolidada, de 1946 a 2010, em um DVD, para ser entregue a amigos, colegas da Universidade e ao maior número de pessoas.

“Tenho o grande prazer de enviar para os amigos e colegas da Universidade o presente DVD que contém um conjunto de trabalhos geográficos e de planejamento elaborados entre 1946-2010. Tratando-se de estudos predominantemente geográficos, eu gostaria que tal DVD seja levado ao conhecimento dos especialistas em geografia física e humana da universidade”, diz Ab'Saber em sua dedicatória.

O geógrafo morre antes da publicação de sua última obra, o terceiro volume da coleção “Leituras Indispensáveis”, onde faz uma homenagem ao trabalho dos primeiros geógrafos no interior do Brasil, como José Veríssimo da Costa Pereira e Carlos Miguel, e às primeiras expedições de Candido Mariano da Silva Rondon, o Marechal Rondon (1865 a 1958). O livro ainda não tem data para ser lançado.

Prêmios

Ab'Saber, foi professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, recebeu diversos prêmios como o Prêmio Jabuti em ciências humanas (1997 e 2005), e em ciências exatas (2007); o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia (1999), concedido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia; a Medalha de Grão-Cruz em Ciências da Terra pela Academia Brasileira de Ciências; e o Prêmio Unesco para Ciência e Meio Ambiente (2001). Mais recentemente, em 2011, foi escolhido pela União Brasileira de Escritores como o Intelectual do Ano.

Código Florestal e Primavera Árabe

Em uma de suas últimas entrevistas, Ab’Saber abordou o Código Florestal. Ele criticou a falta de uma legislação ambiental mais abrangente, que contemplasse o zoneamento físico e ecológico de todo o país como a complexa região semi-árida dos sertões nordestinos, o cerrado brasileiro, os planaltos de araucárias, as pradarias mistas do Rio Grande do Sul, conhecidas como os pampas gaúchos, e o Pantanal mato-grossense. Ele chegou a defender a criação do Código da Biodiversidade para contemplar a preservação das espécies animais e vegetais.

Além de dedicado estudioso de Geomorfologia, Etnologia e Antropologia, era um grande conhecedor da cultura árabe. Sobre as recentes manifestações populares que passaram a ser conhecidas como Primavera Árabe, disse: “Eles deram o primeiro passo com a Primavera Árabe, porém não se preparam para a pós-revolução. Isto está longe de acabar”.

Biografia

Nascido em São Luís do Paraitinga, em 24 de outubro de 1924, era filho de libanês com brasileira. Aziz Ab’saber relembrou recentemente, em entrevista ao Instituto da Cultura Árabe (ICArabe), onde também era presidente de honra, a trajetória da vida de sua família, suas viagens e seu interesse por conhecimentos, em especial, a Geografia. Na página do ICArabe é possível encontrar as duas primeiras partes da entrevista.

Aziz entrou na universidade em 1940 e formou-se Bacharel em História e Geografia licenciado pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Posteriormente, tornou-se Doutor em Geografia Física pela USP.

“Logo que passei no vestibular participei de uma excursão de campo, enquanto todos conversavam, eu bebia àquela paisagem, e fazia inúmeras anotações. Foi aí que descobri que me interessaria muito mais pela Geografia do que pela História”, relembrou o estudioso.

Veja a participação de Aziz Ab'Saber no programa Roda Viva, quando ele foi um dos três representantes da Academia Brasileiros de Ciências na conferências das Nações Unidas, a Rio 92:




Com SBPC e ICarabe

sexta-feira, 16 de março de 2012

quinta-feira, 15 de março de 2012

Marcos Salmo - Um comunista na gestão da cultura do Assaré


Foi no movimento estudantil que Marcos Salmo iniciou a sua militância política e cultural na cidade de Patativa do Assaré. Uma trajetória invejável, faz desde jovem de apenas 28 anos uma referência para a gestão da cultua no Estado do Ceará. Ele afirma que a forma mais clara para entender a relação de política x arte são as obras o Patativa do Assaré, a estética dos seus versos são obra primas da literatura brasileira, as caídas de versos, a metrificação são perfeitas, e a forma como usa as palavras tornam os seus poemas ainda mais belo e o seu conteúdo é um verdadeiro manifesto em defesa do socialismo

Alexandre Lucas - Quem é Marcos Salmo?

Marcos Salmo - “Sou de uma terra / Que o povo padece / Mas nunca Esmorece / Procura vencer”. Chamo-me Marcos Salmo Lima Barreto, tenho 28 anos, e sou da terra onde em cada galho versos se mechem, Assaré – CE. Sou filho da professora de matemática Sonia Lima, e do desenhista arquitetônico Carlos Barreto, sou filho mais velhos de três irmãos, Carla Wilna e Marcio Clayton, sou casado com Cidinha Oliveira (28). Estou graduando em Administração Pública, na Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri. E admirador da obra, história e pensamento de: Patativa do Assaré, Che Guevara, Luiz Carlos Prestes, Renato Russo, Cazuza, Raul Seixas, Olga Benário . E militante político em defesa do socialismo filiado a um partido que acredito que as suas idéias poderão mudar o Brasil, PCdoB.

Alexandre Lucas - Quando teve início sua atuação na área da arte e da cultura?



Marcos Salmo - Comecei a minha militância na cultura, na época do movimento estudantil quando encabecei projetos culturais na escola, de lá para cá participei de diferentes grupos artísticos como o grupo de Teatro Aqui Tem Coisa, com encenações da Paixão de Cristo, até que junto com outros três amigos, Felipe Lira, Wagner Sales e Eugenio Oliveira, criamos a quadrilha junina Arraiá do Patativa, que agregou diversos artistas da cidade, que culminou na criação da Fundação Balceiro de Cultura Popular, uma instituição cultural que tem por objetivo a preservação e difusão da cultura popular de Assaré, e tem se consolidado como um espaço de produção cultural e formação cidadã. Graças aos trabalhos desenvolvidos ao longo dos anos em 2005 fui diretor de cultura do município, em 2007 coordenador de cultura popular e em 2009 assumi a pasta da Secretaria Municipal da Cultura, Turismo, Desporto e Lazer. O imaginário popular do povo nordestino é uma das grandes fontes inspiradoras das minhas atividades. Sempre fiz cultura em defesa do social e da diversidade cultural de Assaré e na busca pela preservação, valorização e difusão da vida e obra do poeta Patativa do Assaré.

Alexandre Lucas – fale da sua trajetória:

Marcos Salmo - Camarada falar da minha trajetória de vida as pessoas não acreditam muito, pois sempre busquei dar o melhor do meu trabalho, mas posso afirmar que sempre fui um militante em defesa da coletividade e socialismo, em minha época estudantil de nível médio fui um dos lideres da minha geração, estive Presidente do Grêmio Estudantil da Escola Moacir Mota, Vice – Presidente do Grêmio Estudantil da Escola Raul Onofre, ajudei na criação da União dos Estudantes Assareense, e ainda participei dos primeiros encontros e debates sobre a União da Juventude Socialista em Assaré, quando acabei tendo o primeiro contato com você camarada Alexandre, através do Prof. Tico Melo. Montar uma rádio comunicadora em um dia, levantar greve para melhorias de infra – estrutura para feira de ciências, organização de atividades esportivas e culturais foram os embriões desse processo de luta em defesa dos nossos ideais. Mas nessa vida já tive oportunidade de aprender com muitas das coisas que fiz, tive uma relação de agricultor com a terra, tentei deixar o Cariri e meu Assaré indo morar em Fortaleza, atuei na construção civil como operário, fui professor de matemática e ciências no ensino fundamental. No que fiz sempre busquei fazer com perfeição. Eu atuei na defesa dos interesses culturais dos assareenses, acabei me tornando um dos articuladores da juventude local. Fiz parte dos principais grupos sociais da cidade. Como jovens da igreja católica Mensageiros da Fé, sou sócio fundador da Fundação Balceiro de Cultura Popular, sócio da Fundação Memorial Patativa do Assaré, sócio do Instituto o Canto do Patativa, pertenço aos quadros da Academia de Letras e Literatura Patativa do Assaré, colaborei com projetos de geração de trabalho e renda para as comunidades rurais, fui um dos coordenadores da criação e formatação do Plano Diretor Participativo, essa e muitas outras atividades e projetos me fizeram chegar a gestão pública. Essas ações me fizeram ampliar a atuação, pois hoje assumi a vice-presidência da Federação das Quadrilhas Juninas do Ceará, entidade que representa os grupos de quadrilhas juninas do Estado e também compus a diretoria do Conselho de Dirigentes Municipais da Cultura do Ceará, entidade representativa dos gestores público da cultura. Em 2009 ingressei no Partido Comunista do Brasil – PC do B a convite de Norma Paula e do Deputado Lula Morais. Em 2011 passei a integrar a diretoria executiva do partido em Assaré.

Alexandre Lucas – Como você avalia as políticas públicas para a cultura no Brasil após o Governo Lula?


Marcos Salmo - Se fizermos uma analise das políticas públicas para a cultura no Brasil a partir dos governos ditatorial e o Neo-Liberal que o Brasil sofreu o governo Lula foi uma revolução para o Brasil. A cultura não era entendida com uma dimensão política importante para o desenvolvimento da nação. No governo Lula tivemos uma democratização de acesso aos recursos públicos, mesmo o Nordeste ficando com a menor fatia, em detrimento ao favorecimento do eixo Rio – São Paulo. O Brasil pode mostrar um pouco mais da sua diversidade, ciganos, hip-hop, culturas populares, artes gráficas etc, começaram a ganhar corpo no cenário nacional. Outro fator bastante positivo nas políticas de cultura no governo do ex-presidente Lula, foi a abertura de espaços para debates com artistas populares, instituições culturais, produtores, comunidades, enfim... Essas conferências, encontros foram importantes para ampliar o entendimento de que a cultura deve ser prioridade, que deve deixar de ser o menor orçamento da União, importante para construir os marcos legais da cultura. Divido o Ministério em três épocas, a primeira com o Gil, que interiorizou o acesso aos recursos e fomentos a cultura, a valorização e reconhecimento da diversidade brasileira e participação social; Com o Juca estávamos caminhando para a aprovação das leis da cultura, como Vale Cultura, Sistema Nacional da Cultura, Cultura como direito social, etc. Ele estava em um processo de articulação com Câmara e Senado que deixou os municípios esperançosos, mas isso foi ceifado. A terceira e última fase já deixa a faixa dos 08 anos do Lula e nos primeiros da Dilma, temos uma Ministra que mudou o pensamento dos direitos autorais, valorizando o ECAD, que não possui governabilidade dentro do Minc e ainda não mostrou a que veio, a não ser responder notas de jornais que a criticam. No momento agora a presidenta Dilma precisa repensar a sua gestora.


Alexandre Lucas – Como você avalia as políticas públicas para cultura no Estado do Ceará?


Marcos Salmo - Desde a época da Claudia Leitão virou moda, em virtude da Lei do SIEC , a política de Editais, e a garantia de recursos de 50% interior e 50% capital isso de uma certa forma foi muito bom para democratizar o acesso aos recursos públicos para apoiar projetos em diferentes linguagens artísticas isso é muito bom. O que eu penso sobre a cultura no Ceará se resume em dois pontos. O Primeiro é que entre a Claudia Leitão, Auto Filho e Professor Pinheiro, já tivemos vários encontros, alguns com a mesma finalidade apenas com nomenclaturas diferentes, mas tivemos, Plano do Araripe, Plano Estadual para dois anos, Constituinte da Cultura, Duas conferencias estaduais e diversos encontros regionais, e conferencias municipais e setoriais. Desses encontros foram retirados propostas diversas, e nós ainda não temos um Plano Decenal da Cultura para o Ceará. Nem mesmo o processo de adesão do Estado ao Sistema Nacional não foi concretizado, até o dia 13/02 o status que estava no Minc era: 03 - Autorizado o encaminhamento do acordo / assinatura do governador (email) em 01/12/11; e dos 184 municípios do Ceará apenas 72 já aderiram ao Sistema Nacional. Por isso precisamos avançar na gestão pública na cultura no Ceará. Outra coisa que me intriga é que os recursos dos editais estão congelados, e não recebem aumentos significativos.
Preciso destacar projetos interessantes do Ceará como os Agentes de Leitura, os Pontos de Cultura, A quantidade de bibliotecas e livros espalhados pelo Ceará. Mas ao mesmo tempo acho que o Ceará precisa retornar a vanguarda da cultura no Brasil, está na hora do Estado comprometer – se e comprometer os municípios, existem muitos programas e projetos que poderiam ser desenvolvidos fundo a fundo, até mesmo para fazerem com que os municípios façam funcionar de fato e de direito os seus fundos municipais de cultura.

Alexandre Lucas – Os Pontos de Cultura são um avanço paras as discussões sobre políticas para cultura nos movimentos sociais?


Marcos Salmo - Sim. O espaço do fazer cultura nos pontos de cultura tem se mostrado uma forte ferramenta de transformação social. Eles fortaleceram as ações dos movimentos sociais que atuam com cultura, pois a essência do dessa ação é oferecer mecanismos para o fazer artístico e cultural nas comunidades. Outro ponto importante dos pontos de cultura é a idéia de empoderamento das comunidades e artistas, as trocas de conhecimentos possibilitaram a formação de uma comunidade mais politizada, critica e protagonista de suas ações. Para mim os pontos de cultura foram à grande mola propulsora do governo Lula nas suas políticas publicas, todo o programa Cultura Viva, encabeçado e concebido pelo grande Célio Turino, é uma ação eficiente que precisa deixar de ser uma política de governo e passar a ser uma política de Estado. Artistas, produtores, grupos, manifestações culturais, linguagens artísticas, gestores e comunidades precisam permanecer nessa luta viva e ativa, os pontos é uma forma democrática de garantir acesso e permitir que as comunidades se reconheçam enquanto identidade cultural e o melhor de tudo é o espaço de transformação social.


Alexandre Lucas – Como vem sendo desenvolvidas ações na Secretaria de Cultura do Assaré?


Marcos Salmo –
Na da Secretaria Municipal da Cultura de Assaré temos desenvolvidos projetos que possam permitir a construção de uma identidade cidadã voltada para o reconhecimento e apropriação dos valores culturais. Muitos projetos importantes vêm sendo desenvolvidos para atender principalmente a comunidade rural do município. Outros projetos importantes para o município foram o restauro da casa do poeta Patativa do Assaré, a construção da Biblioteca Pública Municipal, a ampliação e climatização do auditório D. Belinha Cidrão, projeto de incentivo a leitura e de formação musical na zona rural, valorização dos Mestres da Cultura Popular, a implantação do Núcleo de Estudos Teatrais – NET, além de diversos projetos de inclusão social, preservação e difusão cultural, dentre outros.


Alexandre Lucas – Quais os desafios?


Marcos Salmo - O desafio de uma política de cultura local é de aumentar as opções culturais de seus habitantes, incentivando a preservação de sua cultura, difusão e promoção dela, mantendo sempre as fronteiras abertas. Mas isso só será possível quando os municípios tiverem os seus sistemas municipais e fundos municipais da cultura funcionando efetivamente, para que os prefeitos entendam a importância de se conveniar com artistas e instituições culturais, dando uma vida mais sólida e orgânica para a cultura nos municípios. Outro gargalo importante nesse processo é a formação, do ponto de vista da gestão, para que artistas e grupos aprendam a lidar com recursos públicos. Levando em conta também que a burocracia deve repensar as suas ferramentas demasiadamente exageradas, e que vem usando a prevenção da corrupção como desculpa para tanta burocracia, mas fazendo um parêntese é preciso dar autonomia ao controle social por parte da população.


Alexandre Lucas – Como você ver a relação entre arte e política?

Marcos Salmo - Entendo Arte como fazer cultural de diferentes linguagens artísticas, uma dimensão simbólica da criatividade, que tem uma ação direta no processo de formação de qualquer cidadão que assiste, visita, produz e usufrui da arte. Aristóteles já dizia que todo ser humano é por natureza político, entretanto eu acredito que muitas não se apropriam desse conceito, chegando a cometer um erro idiota de afirmar que não gosta de política e deseja manter distância. Sendo a arte uma dimensão simbólica da criatividade e formação cidadã e a política ser por natureza inerente ao homem, os dois precisam andar juntos. Temos visto muita arte, mas dissociada da política e vice-versa. A arte tem a função fundamental de ser um mecanismo em defesa das questões sociais, das pessoas excluídas, daqueles que possuem o seu direito de cidadão suprimido. A forma mais clara que posso entender essa relação de política x arte são as obras o Patativa do Assaré, a estética dos seus versos são obra primas da literatura brasileira, as caídas de versos, a metrificação são perfeitas, e a forma como usa as palavras tornam os seus poemas ainda mais belo, mas o seu conteúdo é um verdadeiro manifesto em defesa do socialismo. Arte e política precisam andar juntos na luta contra o capitalismo, a massificação da cultura através da mídia comprada. É interessante que os artistas entendam a função cultural, social, educacional e política que a arte tem sobre a sociedade, esse pode ser o meio para que ocorram as próximas revoluções, afinal de contas as grandes lutas pela democracia e liberdade, tiveram artistas e intelectuais na vanguarda dos movimentos libertadores.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Alysson Amancio - Por uma dança que transforme





Pesquisador, artista e professor, Alysson Amancio vem nos últimos anos contribuindo para a consolidação da dança contemporânea no Cariri. Inquieto e viajado, Alysson não se conteve apenas em aprender a dançar e busca cotidianamente elementos para alimentar a sua percepção e produção estética e artística. Ele acredita ser possível lutar por um mundo mais humano, digno e igualitário e que as artes são impreterivelmente os melhores caminhos para as conquistas nesse embate social.

Alexandre Lucas - Quem é Alysson Amancio?

Alysson Amancio - É sempre difícil falar quem eu sou, pois, todos nós seres humanos temos diversas facetas e mudamos o tempo o inteiro as nossas ideologias de acordo com as experiências nas quais somos atravessados.
Nas minhas características imutáveis, sou um caririense, criado por uma família unida e trabalhadora e que me deu a base e liberdade para ser um sonhador e realizador ao mesmo tempo.
Sou um artista, professor, pesquisador. Um homem do bem que realmente acredita ser possível lutar por um mundo mais humano, digno e igualitário e que as artes são impreterivelmente os melhores caminhos para as conquistas nesse embate social.

Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

Alysson Amancio - Meu primeiro contato com o teatro foi na escola, no ensino fundamental. Apaixonei-me completamente pelas artes cênicas e nunca mais parei. Da escola fui para grupos amadores, depois procurei oportunidades para trabalhar com grupos mais profissionais, paralelamente fiz duas graduações em Dança. Participei de vários festivais nacionais e internacionais. E após retornar para Juazeiro do Norte, iniciei a produção da minha própria companhia de dança, meu projeto de formação e difusão da dança através da Associação Dança Cariri e meu trabalho como docente na Universidade.

Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

Alysson Amancio - Atuando como artista e professor tudo me interessa e influencia o meu trabalho desde as culturas populares até as intervenções mais contemporâneas. Leio muito, vejo muitos filmes em casa, observo atenciosamente as pessoas que convivo e procuro estar cotidianamente concatenado mesmo que virtualmente com a dança cênica produzida no mundo hoje. Em relação a profissionais de dança mais especificamente, amo a vida e obra da coreógrafa Martha Graham. E sobre as minhas influencias atuais: dos brasileiros admiro muito o trabalho do Flávio Sampaio, Andrea Bardawill, Fauller, Wilemara Barros, Ana Vitória, Alejandro Ahmed, Henrique Rodovalho, Rodrigo Pederneiras, Isabel Marques, Roberto Pereira e estrangeiros William Forsythe, Maguy Marrin, Pina Bausch.

Alexandre Lucas – Como foi esse contato com a dança contemporânea?

Alysson Amancio - Sempre gostei de dança contemporânea mesmo quando não sabia o que era essa linguagem. Na minha adolescência ficava fascinado quando via Elina Feitosa ou a companhia de Danielle Esmeraldo em cena. Ainda fiz algumas aulas de dança no Crato com Elina, mas o meu primeiro contato de fato foi em 1997 na cidade de Fortaleza nas aulas com Andrea Bardawill e na Companhia de Dança Janne Ruth. Desde então o contemporâneo tem sido meu principal objeto de estudo, fonte de pesquisa e área de ensino. Essa possibilidade infinita de conceitos e estéticas que a dança contemporânea permite, me instiga profundamente.


Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória:

Alysson Amancio - Considero o Grupo de Teatro Expressões Humanas da Herê Aquino e a Companhia de Dança Janne Ruth como sendo minhas primeiras experiências profissionais nas artes cênicas. Depois disso trabalhei na Adão Companhia de Dança e posteriormente no Rio de Janeiro na Cia de Dança da Cidade e na Esther Weitzman Companhia de Dança. Entretanto, creio que o divisor de aguas na minha trajetória sem dúvida foi o Colégio de Dança do Ceará e a minha graduação em dança no Rio de Janeiro. Estreitar os laços entre a minha dança e o pensamento acadêmico me impulsionou a querer ser mais que um bailarino. Projetou-me para coreografar, pesquisar e escrever sobre dança. Entendendo que essa linguagem artística é extremamente poderosa e capaz de transformar a sociedade de forma avassaladora. É com esse pensamento que desde que retornei para Juazeiro do Norte em 2006, que procuro desenvolver minhas atividades, difundindo e aplicando a Dança com todo o potencial que ela aglomera.

Alexandre Lucas – A dança no Cariri é marcada pela diversidade de estilos?

Alysson Amancio - Existe uma ideia muito cristalizada que o Cariri é o celeiro da cultura popular. Temos realmente uma cultura popular riquíssima e que precisa ser valorizada e reconhecida, todavia essa não é a única possibilidade de arte produzida na região. Esse imaginário, lamentavelmente, contribui para que outras manifestações da dança que não seja o reisado, a lapinha e a banda cabaçal não sejam vistos também como representantes da dança caririense.
Aqui nós temos reisados, lapinhas, banda cabaçais, coco, mas também temos balé clássico, dança contemporânea, dança de rua, quadrilhas juninas, dança do ventre, dança de salão, danças sagradas, dentre outros. Enfim, são muitos os estilos para o nosso deleite.
Estou escrevendo um livro sobre a história da dança cênica caririense que será lançado ainda no primeiro semestre de 2012. Espero que a partir dessa publicação novas pesquisas sejam feitas para documentar a dança local, pois, até hoje não existe nada que eu conheça que tenha esse foco.

Alexandre Lucas – Como é trabalhar dança contemporânea na região do Cariri?

Alysson Amancio - Ninguém gosta daquilo que não conhece. O grande trabalho atualmente na região do Cariri é estimular o maior número possível de produções e circulação de espetáculos de dança contemporânea. Quanto mais grupos ou artistas independentes produzirem trabalhos contemporâneos, mais ampliaremos o número de apreciadores e consequentemente o mercado de trabalho. Quando voltei, em 2006, era tudo muito mais difícil, todas as pessoas que produziam dança contemporânea estavam paradas. Felizmente ao longo de varias ações, criou-se um circulo ativo nessa área. Seis anos depois, eu enxergo com muita alegria mudanças concretas no que se refere a produção de dança contemporânea caririense, inclusive em relação ao olhar de fora sobre a nossa fomentação. Os profissionais de dança mais renomados do Brasil me enviam currículo e propostas para vir dançar ou ministrar oficinas em Juazeiro do Norte.

Alexandre Lucas - Qual o papel social do artista?

Alysson Amancio - Essa frase soará um tanto clichê, mas não vejo como escrever outra coisa. O principal papel do artista é transformar o mundo em algo melhor.

Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Alysson Amancio - Não trabalho sozinho, eu trabalho com uma equipe que busca cotidianamente ampliar essa rede e agrupar mais pessoas nesse coletivo. Pensamos grande: queremos projetar a dança do/no cariri para o mundo inteiro. Produzir e fortalecer a dança cênica caririense é a nossa grande motivação. Por isso iniciamos esse trabalho exatamente aqui. Toda grande mudança acontece de dentro para fora. Queremos que o garoto do Bairro João Cabral aprecie os espetáculos de dança locais, e num futuro próximo os Cariocas e depois os Parisienses.

Alexandre Lucas - O que representou e representa para você o trabalho de pesquisa?

Alysson Amancio - Não existe arte sem pesquisa. O artista não pode ser medíocre e acomodado. A curiosidade e coragem devem ser os motores da sua arte. Por isso a minha grande luta é para a criação do Curso Superior de Dança no Cariri. Nós já temos as três linguagens da arte. Música na UFC – Cariri e Teatro e Artes Visuais na URCA. Por que não temos dança?
Em 2008, a Associação Dança Cariri fez um abaixo-assinado com os artistas da dança caririenses e recolhemos mais de 2600 assinaturas, entre estudantes e profissionais da dança reivindicando a criação desse curso.
Em 2011, o Centro de Artes Reitora Arraes de Alencar Gervaiseau aprovou o projeto para a criação do Curso Superior de Dança. Agora falta apenas o Conselho Superior da Universidade Regional do Cariri aprova-lo e o Governador Cid Gomes assinar o termo de criação. Infelizmente isso será o mais difícil, pois a sua politica tem demonstrado pouquíssimo interesse em fortalecer nem o ensino, a extensão e a pesquisa no âmbito acadêmico.

Alexandre Lucas – No Ensino Básico do Estado do Ceará existem profissionais habilitados para trabalhar a dança no Ensino de Artes?

Alysson Amancio - Em Fortaleza sim, já que lá existe o Curso Técnico de Dança e o Curso Superior de Dança da Universidade Federal do Ceará. Além disso, o Vila das Artes, da Prefeitura Municipal de Fortaleza através da Secretaria de Educação financia o Projeto “Dançando na Escola”, proporcionando profissionais capacitados atuarem nas escolas formais de ensino.
Nos interiores cearenses a realidade é completamente diferente. No Cariri, por exemplo, são raríssimas as escolas que oferecem dança além das montagens coreográficas em datas comemorativas. As poucas que se arriscam nessa empreitada desconhecem profissionais realmente qualificados para tais funções e acabam empregando profissionais de outras áreas, que muitas vezes fazem um desserviço no que se refere ao ensino de dança.

Alexandre Lucas – O que representa a dança na sua vida?

Alysson Amancio - A dança é a minha vida. Paixão, razão e profissão. Tenho a grande felicidade de trabalhar com o que eu amo. Portanto, defendo e luto diariamente para a valorização e reconhecimento dessa linguagem artística. A dança pode ser utilizada como entretenimento, terapia, atividade física e profissão. São tantas e possibilidades e benefícios, que eu acho muito triste o homem que nunca se permitiu essa vivencia na sua vida.

domingo, 4 de março de 2012

CARTA ABERTA DAS MULHERES DA REGIÃO DO CARIRI

A violência doméstica e de gênero no Cariri faz parte de uma cultura deturpada que ganha força pela impunidade, pela falta de combate dos órgãos de segurança e pela morosidade da justiça. Isso se confirma com o alto índice de mulheres assassinadas nos últimos 10 anos na Região do Cariri, num total de 198. Deste número, 7 já foram este ano.

Cabe aqui perguntar por quanto tempo ainda veremos nossas mães, filhas, netas, irmãs, primas, noras, colegas de trabalho e amigas serem espancadas, humilhadas, estupradas e assassinadas?! Infelizmente, o clamor da pergunta não dá conta da resposta, porém, o Movimento de Mulheres da Região do Cariri reivindica do Poder Público e do Poder Judiciário do Estado do Ceará, as ações abaixo relacionadas e conclama toda sociedade a se envolver na luta pelo combate a esta violência, que tanto nos indigna, nos envergonha e nos entristece.

Na tentativa de encontrar respostas para a pergunta acima, apresentamos as seguintes reivindicações:

1. Garantir o funcionamento das Delegacias de Mulheres de Crato e Juazeiro do Norte em tempo integral incluindo os finais de semana e feriados, destinando mais uma viatura, uma subdelegada e ampliando o numero de escrivãs e agentes nestas delegacias.

2. Realizar concurso público para delegadas/os, e demais servidores/as das delegacias de mulheres.

3. Construir Sedes das Delegacias de Mulheres de Crato e Juazeiro do Norte.

4. Agilizar a construção do presídio do cariri com celas especificas para mulheres em situação carcerária.

5. Criar Núcleos de Atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar nos municípios da Região do Cariri, onde não têm Delegacia de Atendimento as Mulheres.

6. Apoiar a criação de Conselhos Municipais de Direitos das Mulheres em todos os municípios do cariri onde ainda não existem.

7. Realizar uma campanha estadual de combate a violência praticada contra as mulheres e de esclarecimento sobre a “Lei Maria da Penha”, destacando sua ultima alteração.

8. Promover Cursos de Formação para todos/as os/as profissionais da rede de atendimento às mulheres vítimas de violência no Cariri.

9. Criar uma vara específica para apurar os crimes de assassinatos de mulheres, ou alterar a lei dando prioridade a estes processos, visto que das 198 mulheres assassinadas na Região do Cariri, não tem 50% dos assassinos na prisão).

10. Instalar Centros de Referência de Atendimento a Mulheres Vítimas de Violência Doméstica e Familiar.

11. Recomendar a criação de Comitês de Mortalidade Materna nos municípios.

12. Instalar Casas Abrigo para mulheres vítimas de violência e ameaçadas de morte pelos seus agressores.
13. Recomendar a criação de Procuradorias de Mulheres nos municípios.

14. Implantar o Sistema de Notificação de Mulheres Vítimas de Violência doméstica e familiar em toda rede de atendimento às mulheres.

Acreditando no compromisso de Vossa Excelência no que diz respeito aos problemas que afligem a população e principalmente no combate a violência doméstica e familiar, as mulheres do Cariri esperam ser atendidas nas suas mais justas reivindicações e apresentam os sinceros agradecimentos.

Assinam,

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA MULHER CRATENSE
CASA LILÁS
COLETIVO CAMARADAS
COLETIVO DE MULHERES DA FETRAECE
GRUNEC
CÁRITAS
CCDS
SESC CRATO
DEFENSORIA PÚBLICA DO CRATO
CASA DE MEDIAÇÃO
ACB – ASSOCIAÇÃO CRISTÃ DE BASE
UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA

Crato/CE, 28 de Fevereiro de 2012.


PROGRAMAÇÃO DE LUTA

CONVITE


O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Cratense - CMDMC, a Casa Lilás, o Coletivo Regional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da FETRAECE, GRUNEC, CÁRITAS, SESC Crato e demais entidades parceiras, realizarão neste mês de Março atividades referentes ao “08 de Março – Dia Internacional da Mulher”, cuja temática é “O PROTAGONISMO DA MULHER NA LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA”.

Convidamos toda sociedade a se envolver na luta pelo combate a violência praticada contra as mulheres e reivindicar do Poder Público, ações eficazes para eliminação desta violência.

PROGRAMAÇÃO 08 DE MARÇO 2012
 Ato Público Regional, seguido de caminhada contra violência pelas ruas da cidade do Crato e Atendimento Jurídico com o Núcleo de Defensoria Pública do Crato
Local: Praça São Vicente
Horário: 7h às 12h

 Seminário sobre Violência e Lei Maria da Penha
Local: Sesc Crato
Horário: 14h

PARTICIPE, ESTA LUTA É DE TODAS E TODOS!

De 03 a 31 de março acontecerão várias atividades em Crato e demais municípios da Região do Cariri.

REALIZAÇÃO: CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA MULHER CRATENSE, CASA LILÁS, COLETIVO DE MULHERES DA FETRAECE, GRUNEC, CÁRITAS E SESC CRATO.

ENTIDADES PARCEIRAS: NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA DA URCA, STTR DE CRATO, OUVIDORIA DO HOSP. SÃO FRANCISCO, SINTESEF, MANDATO DA VEREADORA MARA GUEDES, CCDS, NÚCLEO DE DEFENSORIA PÚBLICA DO CRATO, SECRETARIA DE SAUDE CRATO, SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO CRATO, COLETIVO CAMARDAS.

Contatos CMDMC
88.9217.7347 (Laura Viera – Presidente)
88.9614.0367 (Elenir Brito – 1ª Secretária)
88.9218.8309 (Francisca Alves - Tesoureira)
88.9650.0005 (Mara Guedes – 2ª Secretária)

sexta-feira, 2 de março de 2012

Coletivo Camaradas promove Laboratório de Arte Contemporânea




Por Leylianne Alves

Se você tem interesse por arte e estuda em alguma escola de ensino médio da rede pública do Crato, poderá se inscrever, entre os dias 12 e 13 deste mês, no Laboratório de Estudos, Vivências e Experimentações em Arte Contemporânea (LEVE Arte Contemporânea), que será organizado pelo Coletivo Camaradas e terá suas atividades iniciadas no próximo dia 14.


O laboratório tem o objetivo de aproximar os jovens das novas formas de organização artística e da arte contemporânea. Durante os trabalhos, acontecerão visitas a espaços de arte, tais como galerias, teatros, ateliers e mesmo espaços urbanos. Além disso, os participantes também terão contato com artistas, produtores, curadores, pesquisadores e artistas/educadores.

O laboratório terá seis monitores e serão ofertadas 20 vagas por escola de ensino médio. Todas as escolas do Crato serão visitadas durante o período de inscrições. As experiências realizadas neste espaço serão, em especial, as intervenções urbanas e performances. Também haverá espaço para universitários da região do Cariri.

Uma experiência piloto deste trabalho vem sendo realizada, desde o ano passado, no Colégio Estadual Wilson Gonçalves e na Escola Teodorico Teles de Quental. Estas atividades resultaram em sei vídeos que têm a finalidade de auxiliar os professores de Artes e que estão em exibição na Galeria de Artes do SESC Juazeiro do Norte, na Exposição de Não Artistas.


Os trabalhos acontecerão no Auditório do Centro Cultural do Araripe, localizado na RFFSA - Crato. As reuniões acontecerão duas vezes por semana, até o mês de dezembro. O Leve Arte Contemporânea é uma realização do Coletivo Camaradas e tem a parceria da Secretária de Cultura, Esporte e Juventude do Crato, da Sociedade Cariri das Artes, do Centro Universitário de Cultura e Arte – CUCA e o Programa Nacional de Interferência Ambiental – PIA.

Livro sobre narrativas orais do Barro Vermelho será lançado no Crato



O bairro do Alto do Penha na cidade do Crato ganha livro contando as histórias de memórias sociais e imaginárias da comunidade. O livro foi organizado pela professora Ana Rosa Dias Borges e será distribuído gratuitamente nas bibliotecas escolares da Cidade e na comunidade.





O projeto foi aprovado pelo Ministério da Cultura, através do Edital Micro Projetos Mais Cultura em 2010. Além do livro, o projeto propiciou a realização junto aos jovens da localidade, oficinas de produção textual, fotografia, desenho, pintura e identidade cultural, o que serviu de suporte para edição do livro.


De acordo com a professora Ana Rosa a ideia deste trabalho surgiu quando realizava seu trabalho monográfico que versou sobre a oralidade, por meio dos contos populares coletados nas comunidades narrativas orais da Chapada do Araripe. Ela destaca que a partir desta pesquisa sentiu a necessidade de ampliar o seu trabalho investigativo composto das memórias das pessoas mais velhas do lugar para evidencia fragmentos históricos que nunca foram evidenciados na historiografia oficial e cita que a escolha do Bairro Alto da Penha, se deu porque na sua infância residia próximo a localidade e isso proporcionou uma ligação afetiva com o bairro. Ana Rosa enfatiza que o Barro Vermelho que se encontra atualmente subdividido geograficamente em decorrência da urbanização e que o lugar descreve parte da história econômica, social e cultural da cidade do Crato.


O Lançamento do livro acontecerá em dois momentos, no dia 10 de maço, às 19h00, na sede da Pastoral do Menor dentro da Programação do evento cultural “O Alto Mostra a Sua Cara” coordenado pela geógrafa Sibelle Elpidio que é moradora do bairro e no dia 15 de março, às 19h00 horas, no salão de Atos da Universidade Regional do Cariri – URCA e tem a parceria do Instituto Ecológico e Cultural Martins Filho – IEC.

Serviço:
Livro “Narrativas Orais no Barro Vermelho” organizadora Ana Rosa Dias Borges
(88)96196988 - Email: rosasacci@yahoo.com.br