Entrevista
concedida pelo Candidato a prefeito na cidade Crato/CE, pelo Partido dos
Trabalhadores – PT, Marcos Cunha.
Nome
completo: Francisco Marcos Bezerra da Cunha
Data de
Nascimento: 15.02.1953
Nome do
Vice: Pedro Lobo Neto
Partido: PARTIDO DOS TRABALHADORES DO CRATO - PT
Formação: I- Atividades Políticas
- Presidente do Centro
de Cultura Inglesa (CCI), no Colégio Salesiano de Juazeiro do Norte
(1967-68)
- Presidente do
Grêmio Lítero Esportivo Farias Brito, Colégio Diocesano do Crato (1969-70)
- Orador da
União dos Estudantes do Crato – UEC (1969-70)
- Presidente do
Partido dos Trabalhadores do Crato – PT Crato
- Secretário
Geral do Partido dos Trabalhadores do Crato – PT Crato
- Coordenado da
Secretaria de Formação Política do Diretório Estadual do PT
- Presidente da
Associação dos Profissionais de saúde do Crato – APROSC
- Diretor do
Centro Médico Cearense
- Diretor do
Sindicato dos Médicos do Ceará
- Candidato à
Prefeito do Crato pelo PT (1988)
- Coordenador da
Campanha Lula Presidente no Sul do Ceará (1989)
- Candidato à
Vice-prefeito do Crato pela coligação PMDB-PT-PSB-PCdoB (1992)
- Militância do
PT Paraná (1993-1996)
- Militância no
PT Crato (desde 1997)
- Candidato a
prefeito do Crato (2012)
II- Atividades
Médicas
- Graduado em
Medicina - Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco – FESP (1978)
- Internato em
Medicina – Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro – RJ (1977)
- Residência
Médica em Neurologia – Santa Casa de Misericórdia do RJ – Serviço dos
Professores Abrahão Akerman e Nunjo Fynkel (1979-80)
- Residência
Médica em Medicina Interna – Hospital Geral de Fortaleza (1981)
- Médico
Contratado da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará – Centro de
Especialidades Médicas do Crato (1982)
- Médico
Concursado da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará – Centro de
Especialidades Médicas do Crato (1983-1992)
- Residência em
Neurologia R4 (Doenças Neuromusculares: eletroneuromiografia e patologia
de músculo e nervo) – Hospital das Clínicas da Universidade Federal do
Paraná (1993)
- Médico
Concursado em Eletroneuromiografia - Universidade Federal do Paraná (1994)
- Mestrado em
Neurologia - Universidade Federal do Paraná (1994-1995)
- Doutorado em
Neurologia – Universidade Federal do Paraná (1996-1997)
- Coordenador do
Ambulatório de Doenças Neuromusculares do Serviço de Neurologia do
Hospital Universitário Professor Walter Cantídio – Universidade Federal do
Ceará (1996-2010)
- Neurologista
Consultor do Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária Dona
Libânia, Fortaleza, Ceará (1997-2010)
- Pesquisador do
Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq (desde 1996)
- Professor
Substituto em Neurologia da Universidade Federal do Ceará ( )
- Professor Adjunto
de Neurologia da Universidade Federal do Ceará na Faculdade de Medicina do
Cariri – Barbalha (desde 1998 )
- Coordenador do
Internato de Clínica Médica da Faculdade de Medicina do Cariri – UFC no
Hospital São Francisco do Crato (desde 2005)
- Coordenador da
Residência de Clínica Médica da Faculdade de Medicina do Cariri – UFC no
Hospital São Francisco do Crato (desde 2009)
- Médico
neurologista com consultório na Policlínica Cirandinha, no Crato
(1982-1992)
- Médico
Neurologista na clínica Dr. Antônio Gesteira (desde 1997)
Profissão:
Médico especialista em Neurologia e Neurofisiologia Clínica
Alexandre Lucas - Quem
é Marcos Cunha? E qual a sua história política?
Marcos Cunha - Meu pai, Francisco
Almir da Cunha, é filho de Caririaçu; minha mãe, Maria Sônia Bezerra da Cunha,
filha do Crato. Casados foram morar em Vitória do Espírito Santo. Lá eu nasci,
primogênito, no dia 15 de fevereiro de 1953 – domingo de carnaval. Meu primeiro
ano de vida passei em Vitória. Meus pais retornaram ao Crato em 1954.
Em 1960, meu pai desaparecido, fui morar em Goiânia com minha mãe. Meus
dois irmãos ficaram sendo criados pelos meus avós José Lindolfo Bezerra de
Menezes e Ana Teixeira Férrer (Sinhara). Minha mãe tinha uma lavandaria e eu
recebia e entregava roupas. Estudava no Grupo Escolar Rui Barbosa, na Avenida
Goiás. Era aluno regular, dedicado e com bom aproveitamento. Com nove anos, eu
andava a cidade inteira.
Desde muito cedo trabalhei. Minha mãe tinha uma lavandaria e eu recebia
e entregava roupas. Aos sábados, eu assumia a freguesia da lavagem de roupas e
ainda exercia uma outra profissão:
engraxava sapatos. Iniciei minhas atividades políticas no movimento estudantil
ainda Goiânia na Era Jango Goulart e na resistência ao Golpe Militar de 1964.
Fazia parte do Centro Estudantil Secundarista Goianiense, um grupo de
militantes ligados ao Partido Comunista de Goiânia. Ficamos nesta cidade até o
final setembro de 1966, quando retornamos para o Crato.
Estudei no Colégio Salesiano. Fundamos um grupo de debates: o Centro de
Cultura Inglesa. Com o incentivo e apoio do Prof. José Bezerra, fazíamos
julgamento e discussões de personagens históricos e temas públicos. Eram
famosas essas reuniões.
No início de 1968, me matriculei no Colégio Diocesano e falei com o
Mons. Montenegro, então diretor daquele educandário. Ele conhecia bem a
história e a luta de minha mãe. Fiquei trabalhando no Colégio, tendo como
pagamento a mensalidade da escola.
Trabalhei no Colégio Madre Ana Couto, através da Madre Feitosa, que me
convidou a ser professor do Curso de Admissão ao Ginásio. Eu Ensinava as
matérias básicas da prova: português, matemática, história e geografia. Era um
"dinheirinho" bom que ajudava nas despesas da família. Também, no
início dos anos 70, fiz um Treinamento na Fundação Padre Ibiapina para
Alfabetização de Adultos, no recém-criado MOBRAL. Foram experiências e
vivências mágicas e que marcaram minha vida para sempre.
Um grupo teve a idéia de reativar o Grêmio Lítero-Esportivo Farias Brito
do Colégio Diocesano. Estávamos em plena Ditadura Militar, a caminho da fase
mais pétrea da repressão. A duas primeiras Diretorias foram formadas sob a
minha presidência ao lado Maurício Almeida Filho, vice. Semanalmente tinhamos
dois jornais murais de grande repercussão no colégio: "Visão Jovem" e
o "Realista".
Na Colação de Grau, escolhido como orador da turma, fiz um discurso
simples e objetivo com críticas ao Regime Militar e Instituições aliadas na
Festa de Formatura no Crato Tênis Clube. Grandiosíssima festa! No dia seguinte,
logo cedo da manhã, o delegado Cel. Osmar de Oliveira Lima, me acordou na casa
dos meus avós e insistiu que eu entregasse o discurso. Eu recusei e ele me
levou para a cadeia do Crato, onde permaneci detido o dia inteiro. Em nenhum
momento sofri agressão física. Apenas a pressão psicológica e insistência para
que eu entregasse o discurso. Tive que voltar outras vezes para ser interrogado
pela Polícia da Repressão Militar.
Aquela situação foi se agravando e por orientação de amigos eu tive que
ir para Fortaleza. Novamente troquei trabalho, moradia e alimentação por estudo
no Colégio Marista. Trabalhei na mecanografia, na secretaria e como professor
de História da Escola Noturna que era um projeto do Colégio para as pessoas de baixa renda. Fazendo o 1º ano
Científico, já estudava para o Supletivo do 2º Grau. Em junho de 1970 fiz
provas e consegui aprovação.
Em setembro de 1970, me transferi para o Recife. Novamente fui detido e
investigado porque eu tinha uma relação pessoal com o Pe. Henrique, salesiano
que fazia parte da resistência contra a ditadura militar e fora assassinado em
Recife.
Em 1972, fui aprovado para o Curso de Odontologia e no Ciclo Básico de
Biociências, que reunia todos os Cursos da Área de Saúde. Em 1973 ingressei no
Curso de Medicina na Universidade Estadual de Pernambuco. Daí para frente, meu
irmão, Roberto Lindolfo foi para o Recife sendo aprovado no Curso de Odontologia.
Posteriormente, minha mãe e meus irmãos, Jorge Ney, Diassis e Daniel (sendo
estes dois últimos adotivos) montamos um pensionato no Recife. Jorge passou no
vestibular de Odontologia e Daniel, em Medicina, hoje ele é neurocirurgião e
professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina.
Terminei o curso de medicina no final de 1978. Apenas colei grau em
Recife, pois todo o Internato Médico, o 6º ano, já tinha ficado na Santa Casa
de Misericórdia do Rio de Janeiro. Fui o orador da nossa turma. O tema central
do discurso foi uma dura crítica aos "Os dez anos da Reforma
Universitária".
Em 1978, o Brasil conquistava a "Abertura Política". Na época
as instituições médicas, como o Conselho Federal de Medicina, a Associação
Médica Brasileira e os Sindicatos Médicos eram dirigidos e controlados por
pessoas simpatizantes do Regime Militar, com boas e raras exceções. Eu
participei do movimento sindical "Renovação Médica", como
representante dos Internos da Medicina do Rio de Janeiro, na articulação de uma
Nova Política Médica. Daqui sairiam grandes lideranças que seriam importantes
no Movimento Pró-Formação do Partido dos Trabalhadores.
Retornei ao Crato, após Internato e a a conclusão deResidência Médica em
Neurologia no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1981. Logo conheci Ronald
Albuquerque, Expedito Guedes, José Francisco, "Seu" Osvaldo, Hermano
Roldão, Roberto Oliveira e Assunção (Maria Ferreira de Alencar). Não participei
da reunião de criação da Comissão Provisória do PT – Crato. Entrei depois da
formação. Naquela época, o PT cabia num fusca. Nào mais que isso.
Na eleição de 1988, o PT despolarizou a política da cidade, antes
restrita aos grupos remanescentes do PSD e UDN. Foi criado um espaço para as
discussões no campo democrático e popular com uma representação já importante
de votos. Elegeram-se dois vereadores: Ronald Albuquerque e Expedito Guedes.
Em 1989, como coordenador no Cariri da 1ª. Campanha à Presidência da
República, trouxemos Lula ao Crato para grande comício na Praça da Sé. Do
Juazeiro ao Crato fizemos uma carreata, até a residência de Dona Benigna Arraes
(mãe do governador Miguel Arraes), no início da Dr. João Pessoa. Daí saimos em
caminhada pela Dr. João Pessoa para o maior comício que nossa cidade realizou
na Praça da Sé. Estavam presentes o Governador de Pernambuco, Dr. Miguel
Arraes, o Senador Mansueto de Lavor, Parlamentares do Ceará e Pernambuco,
lideranças dos diversos segmentos da sociedade e eleitores da cidade e dos
distritos. Após o comício Lula e Arraes viajaram para encerrar a campanha
presidencial em Recife.
Em 1992 o PT apresentou a minha candidatura para vice-prefeito do Dr.
Raimundo Bezerra. Foi uma experiência fantástica trabalhar com um político tão
importante como ele. Determinado, muito articulado politicamente, com um pensamento
ideológico definido e claro, um verdadeiro manancial de idéias para o
município. Pessoalmente, aprendi muito com Dr. Raimundo Bezerra. Dos deleites
de uma cervejinha na sua mesa ao lado geladeira, à coragem política.
Em 1993, eu minha família fomos morar em Curitiba. Ali permanecemos
pelos quatro anos seguintes. No Hospital das Clínicas da Universidade Federal
do Paraná, sob a orientação do Prof. Lineu César Werneck fiz Mestado e
Doutorado em Neurologia. Lá participei e fiz militância nas campanhas do PT, ao
lado do Deputado Edésio Passos. Completados meus estudos e retornei ao Crato.
Nesse novo período, concursado pela Universidade tive que dividir meu trabalho
entre Fortaleza e o Crato. Na época ainda não havia sido criada a Faculdade de
Medicina do Cariri (extensão da Universidade Federal do Ceará – UFC).
Permanecia no Crato de domingo a quarta-feira e em Fortaleza quinta e
sexta-feira. Seriam 13 anos nesse vai e vem , um percurso mensal de cinco mil quilômetros
até janeiro de 2010 . Foi uma experiência interessante! Hoje sou
Professor-Adjunto de Neurologia da UFC em Barbalha.
Alexandre Lucas - Porque
você é candidato a prefeito do Crato?
Marcos Cunha - O Crato é uma
cidade maravilhosa. Eu posso não ter nascido nela, mas me orgulho de coração
por morado e vivido na Vila de Frei Carlos mais de 40 anos da minha vida. Digo
por onde ando que sou daqui. E tenho o maior orgulho disso. No Crato eu me
casei, criei meus filhos, trabalho e vivo o melhor da minha vida. Aqui me sinto
parte dessa terra e ficarei o resto dos meus dias. Trabalho como professor
universitário, faço neurologia e neurofisiologia clínica (Clínica Neurológica, Eletroneuromiografia
e Eletrencefalograma) e continuo minha a militância política no PT. Percebo,
claramente, que a melhoria da saúde da população está diretamente ligada à ação
política , assim quando exerço minha atividade política estou apenas ampliando
a possibilidade de minorar o sofrimento e aumentar o bem estar do meu povo ,
que no fundo são os mais nobres objetivos da Medicina.
Alexandre Lucas - Como
você avalia a atual gestão municipal?
Marcos Cunha - A Gestão Municipal do Dr. Samuel Araripe dos últimos oito anos, com uma
base de apoio, de quatro anos no Governo de Walter Peixoto, não teve um Projeto
de Governo definido de forma ampla e desenhado previamente. As ações foram
realizadas de formas pontuais. A comunidade cratense, da cidade e da zona rural
não foi convocada para dar base social ao governo e participar de forma efetiva
das ações do governo municipal.
Alexandre Lucas - Quais
os desafios para a próxima gestão?
Marcos Cunha - O primeiro desafio é o político.
Precisamos elevar a auto-estima do cratense, criando a perspectiva do “fazer
acontecer” contra a cultura do “estamos perdendo tudo para os outros
municípios”. A partir daí, compor uma representação política a nível dos
poderes municipal, estadual e federal. Nela deverão estar pessoas com o
sentimento e as novas ideias para o nosso município.
O segundo desafio é administrativo.
É o do enfrentamento dos principais problemas e demandas do nosso município.
Precisamos das bandeiras do compromisso e do trabalho sério. Uma prefeitura não
pode ser um de grupo de amigos. Trata-se de instrumento coletivo de possa
agregar pessoas no trabalho, na representação e criatividade de ações capazes
de construir uma cidade boa para se viver. Será necessário para isso um modelo
administrativo que envolva um modo de governar de forma democrática e popular.
Serão necessários o envolvimento de toda a comunidade cratense na discussão do
orçamento participativo, na escolha das prioridades de atendimento das
principais ações e no controle social do atendimento das demandas
estabelecidas.
Alexandre Lucas - Quais
as diretrizes políticas do seu plano de governo?
Marcos
Cunha - O Partido dos
Trabalhadores no ano em que completa 32 anos de história vive mais uma etapa
importante da sua construção. O PT se transformou numa instituição política
reconhecida nacional e internacionalmente, e atingiu um objetivo central ao
reeleger, como expressão da luta do nosso povo por transformações sociais,
Dilma Rousseff, Presidente da República.
As Administrações
Petistas desenvolveram, ao longo dos anos, iniciativas inéditas e exemplos bem
sucedidos de políticas públicas eficazes e gestões transparentes que passaram a
compor o “modo petista de governar”. O aperfeiçoamento desse modelo tem
contribuído intensamente para avanços significativos na democratização da
gestão pública no Brasil, no combate à pobreza e às desigualdades sociais e
econômicas.
Para isso, é
preciso manter e ampliar a nossa capacidade de elaboração e aperfeiçoamento de
conteúdo político dos Programas de Governos Municipais. Elaborando propostas e
ações que objetivam a melhoria das cidades, mas especialmente o atendimento das
necessidades das pessoas.
Para atingir os
objetivos estratégicos do PT para as eleições 2012 se apresentam cinco eixos
para a elaboração das Diretrizes dos Programas de Governos Municipais que
representam à síntese da elaboração programática do Partido dos Trabalhadores.
São eles:
1. Participação
Cidadã e Controle Social da ações do Governo Municipal: por uma cultura
democrática e transformadora na vida pública;
2.
Desenvolvimento Local Sustentável como fator de geração de trabalho e renda e
promoção da igualdade social;
3. Políticas
Sociais e de Garantia de Direitos;
4. Gestão Ética,
Democrática e Eficiente;
5. Gestão
Democrática do Território.
Essas diretrizes
constituem-se num instrumento indispensável para dar maior nitidez à disputa
política eleitoral, caracterizando o perfil inovador do PT na solução dos
problemas do município do Crato.
Caberá também, a
cada candidato e a cada candidata, fazer valer sua força e sua responsabilidade
na construção de novos rumos para nosso município do Crato, sendo um líder de
sua comunidade para que ela avance econômica, social e politicamente.
As candidaturas
ao legislativo municipal, afinadas com a candidatura majoritária, devem
incorporar no seu discurso político as metas e ações do Programa de Governo
para o município, articulando a elas suas propostas de mandato.
Qual será o
critério de escolha do secretariado numa futura gestão do senhor?
Os nossos secretários deverão ser escolhidas por sua identificação com
as Diretrizes Políticas do nosso Programa de Governo, mas permanecerão nas suas
funções pelos méritos de suas competências.
Como o senhor
avalia a atuação Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude?
Atualmente, é necessário que os governos municipais compreendam que as
políticas públicas do Governo Federal separam as ações da Cultura e da
Juventude e Esportes. Muitos municípios, inclusive do Cariri já se adaptaram a
essa nova realidade.
Alexandre Lucas - Pretende
manter alguma ação da atual Secretaria da Cultura, Esporte e Juventude?
Marcos Cunha - No Governo de Transição, intervalo entre os resultados eleitorais e a
posse, deverão ser avaliadas criticamente todas as ações do Gestão Municipal
atual na perspectivas dos resultados conseguidos e as suas viabidades
econômicas. Não podemos condenar ações políticas por meros caprichos. Um boa
gestão deve ter a capacidade de avaliar os recursos públicos aplicados e os
seus resultados, devendo aproveitá-los ou não.
Alexandre Lucas - Quais
as propostas que pretende desenvolver para a Cultura?
Marcos Cunha - O Crato desde os primeiros tempos
configurou-se como importante centro econômico do nordeste brasileiro, com
desenvolvimento na cultura, nas artes e forte mobilização político-social.
O Crato sempre foi
reconhecido e reverenciado como “Cidade Capital da Cultura”. Lamentavelmente,
por ineficiência dos poderes públicos, a cidade vem paulatinamente perdendo
este precioso status. Não obstante,
observa-se uma postura de resistência de nossos artistas, agentes culturais e da
própria população para que essa identidade artística e cultural não se perca
por completo. Portanto, se o governo municipal fizer a sua parte, implementando
uma política efetiva e coerente nessa área cultural, assistiremos, com certeza,
uma verdadeira “revolução” que mudará, para melhor, a face da cidade e a vida
dos seus habitantes.
O Governo de Marcos Cunha promoverá
ações transversais entre as diversos gêneros de arte e expressões culturais,
efetivando convergências, promovendo e preservando as culturas populares e
tradicionais, estimulando a inovação, apoiando linguagens culturais diversas.
ESTRATÉGIA DE AÇÃO
- Estabelecer uma política para cultura,
centrada na estruturação e fortalecimento dos equipamentos com vistas a ampliar
a cadeia produtiva das artes, revitalizando os equipamentos culturais e
apoiando a veiculação da produção independente;
- Implantar a gestão participativa na
cultura por meio da criação do Sistema Municipal de Fomento `a Cultura,
articulado com o Sistema Estadual e Nacional de Cultura;
- Constituir o Conselho Municipal de
Cultura (CMC); contemplando a participação de todos os setores de artistas,
produtores, movimentos, incentivadores e setores representativos da sociedade
civil.
- Solicitação de audiências públicas
para discutir apoio à cultura;
- Realizar Conferência Municipal de
Cultura para discussão do Plano Municipal para Cultura;
- Construir um calendário de ações
sintonizado com as tradições, atividades e propostas cratense;
- Realizar mapeamento da cultura para
subsidiar a definição da política cultural e a economia da cultura, articulada
com uma política de geração de renda;
- Incentivar a criação e o intercâmbio
de manifestações culturais e tradicionais e experimentais;
- Estabelecer parcerias para fortalecer
a formação, a produção e a difusão, estimulando e apoiando o intercâmbio
estadual, nacional e internacional da cultura;
- Realizar um trabalho junto a
juventude ofertando espaços, atividades e formação artística numa forma de
investir na cultura e nas artes, melhorando a qualidade de vida de jovens que
muitas vezes encontram-se a margem da sociedade, pois a cultura quando
produzida e acessada na comunidade estabelece relações de sociabilidade.
- Promover trocas culturais entre
diversas manifestações culturais;
- Promover e proteger as diversas
manifestações culturais, materiais e imateriais e proteger o Patrimônio
Histórico e Cultural do Crato;
- Promover e proteger os segmentos
artísticos historicamente excluídos e oprimidos tais como pessoas com
deficiência, com transtornos mentais e populações de afro-descendentes, GLTB,
ciganos e indígenas, entre outros;
- Preservar e estimular as tradições dos
mestres de tradição popular, de música e dança, artesãos e outros segmentos
artísticos populares;
- Fomentar a Economia da Cultura como
forma de viabilizar a auto-sustentabilidade dos artistas e produtores apoiando
uma das vertentes econômicas que mais crescem no mundo;
- Divulgação dos produtos culturais do
Crato em feiras, festivais e mostras realizadas no âmbito das festividades;
- Inclusão da produção artística e das
manifestações culturais nos projetos de grande porte da Prefeitura;
- Estimular os empresários a adotarem
ações pró-ativas em relação à cultura de patrocínio, de investimentos em fundos
de cultura e participação em programas de patrocínio incentivado com renúncia
fiscal;
- Potencializar as ações de bibliotecas
com programas voltados a circulação de atividades de leituras, artisitcas e
culturais em bairros e distritos;
- Adoção das Escolas Municipais em
equipamentos culturais para a juventude e população em geral na perspectiva de
funcionar aos finais de semana como Centros de Culturas para realização de
oficinas e espaços de apresentações artísticas;
- Estabelecer programas de aprendizagem
das artes das comunidades nas
respectivas
escolas municipais e estaduais;
- Estabelecimento de convênios com as
Universidades e outras Instituições para capacitação de agentes culturais, para
realização de projetos em bairros e distritos do Crato;
- Promover a integração da cultura e
educação ampliando a jornada escolar e possibilitando a inserção das diferentes
linguagens e práticas artísticas na Educação Básica;
- Estimulo as diferentes formas de
manifestações culturais, à pesquisa sobre os temas das culturas populares, ao
conhecimento e reconhecimento de artistas;
- Criar uma demanda de ações com
projetos culturais abertas a comunidade cratense;
- Atuação transversal da cultura nas
diversas secretarias do município;
- As políticas culturais devem
contemplar, fomentar e financiar a produção, a distribuição, a circulação, a
qualificação de artistas e produtores, e a formação de platéia para as diversas
atividades culturais;
- Criação de uma Lei Municipal de
Incentivo à Cultura com destinação de no mínimo 1% (recomendado pela agenda
21da cultura) do orçamento municipal;
- Organizar editais para fomento de
instituições, projetos e programas culturais;
- Criar editais simplificados com ênfase
na cultura popular, na juventude e
iniciantes como forma de ampliar o acesso destes segmentos aos
recursos
públicos
da cultura;
- Apoiar os artistas e produtores e
gestores culturais com programas de qualificação continuada e de apoio a
produção cultural e artística;
- Organizar manutenção e equipar os
espaços culturais da cidade: Museu Histórico e de Arte, Teatro Municipal,
Bibliotecas, Banda Municipal, Complexo RFFSA, Sítios Arqueológicos como
Caldeirão da Santa Cruz e Sítio Fundão, entre outros;
- Criar um Festival Internacional de
Teatro e Circo na cidade de Crato, fomentando a manutenção e continuidade de
grupos e companhias artísticas;
- Promover o CHAMA – Chapada Musical do
Araripe integrando novos talentos e os já consolidados, aberto a todas as
manifestações
culturais;
- Instituir um Festival da Tradição
Popular durante o mês de agosto (Mês do Folclore);
- Elaborar um catálogo dos artesãos do
Crato;
- Criar um centro de registro e memória
das manifestações culturais da cidade;
- Ampliar o acesso à cultura por meio de
ações desenvolvidas nas praças;
- Criar o observatório da cultura;
- Recuperar os equipamentos da cidade
garantindo a participação da sociedade cretense;
- Estabelecer um diálogo direto com os
diversos segmentos das artes e da cultura;
- Instituir uma ouvidoria para cultura
por meio da Secretaria de Cultura do Município.
Alexandre Lucas - Como
pretende manter o dialogo com os artistas?
Marcos Cunha - Os artistas e as suas mais diversas artes deverão ser incluídos como os
protagonistas principais de um novo processo cultural. A autonomia, a independência
e a liberdade de trabalho deverão fazer parte do seus processos criativos e de
produção de artes. A Secretaria de Cultura será um instrumento com a
responsabilidade de trabalhar as atividades dos artistas como meio de
sobrevivência.
Alexandre Lucas - Qual
será a sua política para preservação do patrimônio histórico, arquitetônico,
cultural, natural e artístico?
Marcos Cunha - Nos últimos tempos, a preocupação e os anseios de muitos setores da
comunidade cratense, relacionadas com a preservação do patrimônio histórico,
arquitetônico, cultural, natural e artístico da nossa cidade foi agendada uma
Audiência Pública na Câmara Municipal do Crato. Será uma ampla discussão para
estabelecer um protocolo de avaliação e ações que possam reverter a situação.
trabalho. Essa foi uma iniciativa da vereadora do PT Mara Guedes no intuito de reunir todos os
segmentos da sociedade e criarmos uma pauta de trabalho para intervir nessa
área.