Brevemente, podemos dizer que identidade é aquilo que se é: “sou índio”, “sou branco”, “sou negro”. Dessa forma identidade parece ser algo positivo, (“aquilo que sou”), uma característica particular um fato autônomo. Esta, por sua vez, também, possui uma relação de dependência da diferença quando digo: “sou índio” estou diferenciando, negando; “não sou negro”, sob esse aspecto identidade é o ponto de origem que define a diferença; dizer o que sou implica dizer o que não sou.Podemos ainda, dizer que é o resultado de atos de criação, não são elementos da natureza, não são essências, ela é ativamente produzida, é uma produção cultural e social da cultura e dos sistemas simbólicos que a compõem.
A identidade “ser índio”, não pode ser vista, compreendida fora de um processo de produção simbólica, ela, só possui sentido em relação com uma cadeia de significados formados por outras identidades étnicas. A afirmação da identidade dos grupos sociais traduz o desejo desses grupos sociais, garantirem o acesso privilegiado aos bens sociais. A identidade está sempre ligada ao poder; incluir, excluir (esse pertence, esse não pertence), demarcar fronteiras (nós e eles), desenvolvidos e primitivos o que mostra a utilização de uma forma de classificação estruturada em torno de oposições binárias.
Há sempre nos grupos a busca de uma identidade como norma, a identidade normal é natural, desejável, única, essa possui tal força que nem é vista como uma identidade e, sim, como a identidade, por exemplo; numa sociedade de supremacia indígena “ser índio” não é considerado uma identidade.
No caso dos processos de reconstrução de identidades étnicas é comum o uso de mitos fundadores, a construção de símbolos étnicos: a língua e os mitos são elementos centrais nos processos de reconstrução identitária, pois, a memória coletiva é um fenômeno importante construído coletivamente e submetido a flutuações, transformações, mudanças constantes que muito contribuem com o sentimento de identidade, ou seja, o sentido da imagem de si, pra si e para os outros.
No processo de reconstrução de identidades étnicas há três elementos essências a serem observados: a unidade física, (fronteira de pertencimento ao grupo), a continuidade dentro do tempo, o sentimento de coerência (os diferentes elementos que formam um indivíduo são efetivamente unificados).A reconstrução da identidade coletiva dos remanescentes Cariris é, então, todos os esforços que o grupo tem feito longo do tempo, todo o trabalho necessário para dar a cada membro do grupo o sentimento de unidade, de continuidade e de coerência.
Após essa breve abordagem do resgate da identidade étnica Cariri, podemos dizer que; essa retomada esse resgate, se situa no campo da identidade coletiva resgatada uma vez que esta é percebida pelo contraste de um grupo ante outro grupo.
Contudo, é suficiente para entendermos o processo de retomada da identidade Cariri na comunidade de Monte Alverne em Crato, nos situarmos no campo da identidade considerando-a como um sistema de representações e símbolos que estão contidos em estórias, memórias, e imagens que servem de referência para esse grupo.
Francisco Filemon Souza Lopes
Aluno de Graduação do Curso de Ciências Sociais – URCA
Atuante na Pesquisa sobre Identidade Étnica Cariri