Rádio Chapada
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Copiando tudo e pirateando sempre
Por Alexandre Lucas*
O direito a liberdade, a diversidade e ao conhecimento da produção cultural e cientifica da humanidade é furtado pela lógica do mercado capitalista. Um punhado de empresários que formam a grande industrial cultural monopolizam os gostos, os hábitos e impõem a ideologia dominante, como ferramenta para desarmar as camadas populares de uma concepção ampla e critica da realidade. O Artigo XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos é negligenciado a todo vapor, ou será que gozamos do artigo que diz “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.
Uma cultura feita em laboratório e produzida em escala maciça sinaliza para o que Karl Marx apontava “A produção cria o consumidor...A produção produz não só um objeto para o sujeito, mas também um sujeito para o objeto” é neste contexto que é determinado os bens de consumo da alma, como afirma Edgar Morin ao referir-se a industria cultural “A produção cultural é determinada pelo próprio mercado”.
A grande barreira é de ordem econômica. O segmento da indústria cultural, que inclui o mercado editorial, musical, audiovisual, os veículos de comunicação, dentre outros são beneficiado com impostos diferenciados, ou seja, impostos menores, comparadas a outros segmentos da economia. Entretanto, o grande público, não é beneficiado com essa diferenciação, ficando a mercê desta perversa façanha burguesa, tendo em vista que os diversos aparatos jurídicos e a visão mercantilista são avessos a acessibilidade e a democratização da produção cientifica e cultural como componentes para emancipação humana.
O acesso aos bens culturais, ainda continua sendo um grande privilégio para poucos. As camadas populares não tem acesso as salas de cinema, ao livro, ao CD, ao DVD, a internet, a pluralidade e diversidade das linguagens artísticas, as descobertas e aos benefícios da ciência e da tecnologia, pois o acesso é escasso e caro. Vale destacar que existem de fato diversas conexões que sustentam essa exclusão, dentre elas, a legislação do direito autoral, a de concessão para funcionamento das Rádios e TV, a lei que dispõe sobre patentes e o financiamento público para uso privado, a exemplo dos recursos destinados as universidades para pesquisa cientifica e que posteriormente beneficia os grupelhos de empresários ou os recursos públicos que são destinados a produção cinematográfica, que após os filmes prontos, a sua circulação ocorre nas arquibancadas dos Shoppings Centers da vida capitalista.
Por outro lado cria-se o dissenso popular e a alternativa contra o mercado e a favor da democratização da produção cultural e cientifica, notoriamente multiplicam-se as formas de possibilitar que o livro possa ser barateado, através da fotocópia, que a música e o cinema possa ser adquirido por valores acessíveis em qualquer calçada e a internet tornou-se a grande hospedeira de baixo custo que disponibiliza instantaneamente um vasto e infinito acervo bibliográfico, cinematográfico, musical, pictórico, fotográfico, etc. A quem defenda que isso seja uma ilegalidade e criem obstáculos e mecanismos de repressão para impedir esses avanços. Esses são certamente os que estão do lado oposto da emancipação humana e concretamente afinados com os interesses homem/mulher mercadoria.
Concomitantemente, a defesa desta suposta ilegalidade devemos travar uma batalhar pela modificação da legislação atual para que aponte e que reconheça a produção cientifica e cultural como patrimônio da humanidade e que para ela esteja a serviço. É preciso subverter a infame mentalidade privada/capital, impondo uma luta contra a ilegalidade social que é legitimada pela lei mercadológica.
Se a lógica é outra, a nossa também tem que ser outra. Por isso na conjuntura atual só podemos concluir que copia e pirataria é difusão cultural.
*Coordenador do Coletivo Camaradas, pedagogo e artista/educador.
O direito a liberdade, a diversidade e ao conhecimento da produção cultural e cientifica da humanidade é furtado pela lógica do mercado capitalista. Um punhado de empresários que formam a grande industrial cultural monopolizam os gostos, os hábitos e impõem a ideologia dominante, como ferramenta para desarmar as camadas populares de uma concepção ampla e critica da realidade. O Artigo XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos é negligenciado a todo vapor, ou será que gozamos do artigo que diz “Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.
Uma cultura feita em laboratório e produzida em escala maciça sinaliza para o que Karl Marx apontava “A produção cria o consumidor...A produção produz não só um objeto para o sujeito, mas também um sujeito para o objeto” é neste contexto que é determinado os bens de consumo da alma, como afirma Edgar Morin ao referir-se a industria cultural “A produção cultural é determinada pelo próprio mercado”.
A grande barreira é de ordem econômica. O segmento da indústria cultural, que inclui o mercado editorial, musical, audiovisual, os veículos de comunicação, dentre outros são beneficiado com impostos diferenciados, ou seja, impostos menores, comparadas a outros segmentos da economia. Entretanto, o grande público, não é beneficiado com essa diferenciação, ficando a mercê desta perversa façanha burguesa, tendo em vista que os diversos aparatos jurídicos e a visão mercantilista são avessos a acessibilidade e a democratização da produção cientifica e cultural como componentes para emancipação humana.
O acesso aos bens culturais, ainda continua sendo um grande privilégio para poucos. As camadas populares não tem acesso as salas de cinema, ao livro, ao CD, ao DVD, a internet, a pluralidade e diversidade das linguagens artísticas, as descobertas e aos benefícios da ciência e da tecnologia, pois o acesso é escasso e caro. Vale destacar que existem de fato diversas conexões que sustentam essa exclusão, dentre elas, a legislação do direito autoral, a de concessão para funcionamento das Rádios e TV, a lei que dispõe sobre patentes e o financiamento público para uso privado, a exemplo dos recursos destinados as universidades para pesquisa cientifica e que posteriormente beneficia os grupelhos de empresários ou os recursos públicos que são destinados a produção cinematográfica, que após os filmes prontos, a sua circulação ocorre nas arquibancadas dos Shoppings Centers da vida capitalista.
Por outro lado cria-se o dissenso popular e a alternativa contra o mercado e a favor da democratização da produção cultural e cientifica, notoriamente multiplicam-se as formas de possibilitar que o livro possa ser barateado, através da fotocópia, que a música e o cinema possa ser adquirido por valores acessíveis em qualquer calçada e a internet tornou-se a grande hospedeira de baixo custo que disponibiliza instantaneamente um vasto e infinito acervo bibliográfico, cinematográfico, musical, pictórico, fotográfico, etc. A quem defenda que isso seja uma ilegalidade e criem obstáculos e mecanismos de repressão para impedir esses avanços. Esses são certamente os que estão do lado oposto da emancipação humana e concretamente afinados com os interesses homem/mulher mercadoria.
Concomitantemente, a defesa desta suposta ilegalidade devemos travar uma batalhar pela modificação da legislação atual para que aponte e que reconheça a produção cientifica e cultural como patrimônio da humanidade e que para ela esteja a serviço. É preciso subverter a infame mentalidade privada/capital, impondo uma luta contra a ilegalidade social que é legitimada pela lei mercadológica.
Se a lógica é outra, a nossa também tem que ser outra. Por isso na conjuntura atual só podemos concluir que copia e pirataria é difusão cultural.
*Coordenador do Coletivo Camaradas, pedagogo e artista/educador.
sábado, 5 de dezembro de 2009
Cariri: Um todo de uma parte ou uma parte de um todo
Por Alexandre Lucas*
O Cariri é um misto de confluências de cores e cultos, reduto de engenharia artística em que as engrenagens são movidas pelos fazeres e pensares populares e contemporâneos.
No Cariri a maquina humana bebe do passado e do futuro para alimentar a alma presente. Aqui é terra firme aonde pousam o soldadinho da chapada e os pássaros mecânicos, em que em que a tecnologia de ponta convive com o ferro de passar a carvão. O Cariri perpassa caminhos do autoflagelo marcado pelo catolicismo popular e das profanas músicas da indústria do embrutecimento cultural.
Pelas ruas das cidades temos os contrastes. Temos o budega e o Shopping Center, os possuidores e os despossuidores Temos a vida circulando, num tempo que não pára.
A região tem raízes fincadas numa realidade concreta que indiscutivelmente é associada à confluência da vida, aos intercâmbios, os embates e as influências do campo econômico, geográfico, cultural e social, num continuo processo dialético.
O Cariri não tem formato fechado, pelo contrário tem culturas e artes que são históricas e sociais, como é qualquer outra parte do mundo.
O Cariri não pode ser visto como um fragmento isolado dentro de uma totalidade, mas compreendido como parte entranhada desta totalidade, recheada por antagonismos e confluências nos mais diversos aspectos.
Em tempos de globalização, o processo e as formas de produção e reprodução da existência humana, ocorre numa velocidade quase que instantânea e não estamos inertes a esses acontecimentos.
É deste Cariri do campo e da cidade, da indústria e da oficina de fundo de quintal, do operário e do empresário, da Igreja Católica e dos terreiros das religiões de Matriz Africana, das brincadeiras populares, do imaginário que se mistura com o real, da diversidade e da pluralidade que nos alimentamos.
No entanto é preciso atentar para não caímos no discurso apaixonado que nos coloca distante da realidade e nos encaixota regionalmente. O Cariri é uma região da cultura com suas peculiaridades, como qualquer outra localidade aonde existem homens e mulheres, pois somente com seres humanos é possível se produzir cultura.
A produção simbólica do nosso povo não se fixa no tempo, ela acompanha os acontecimentos, através de sobressaltos, vagarosidades e instantaneidades. As manifestações simbólicas e artísticas permeiam-se dentro do motor da realidade.
A comunhão das danças profanas e sagradas, as vestes dos brincantes, o cordel, as formas de organização dos grupos, os fazeres contemporâneos e populares não são eternos na sua forma original sofrem influências do tempo e do espaço, assim como também acontece com a grande indústria da cultura.
Pensar o Cariri em termos de arte e de cultura como algo eterno e puro é desalojar a capacidade produtiva e criativa do nosso povo. No esmeril da construção humana sofremos uma lapidação de acréscimos, hibridismos e de reinvenção da vida.
No entanto precisamos comer com voracidade a história do nosso povo Kariri, a plural e diversificada produção dos habitantes desta terra e o que a humanidade já produziu e produz, como fez o grande poeta comunista Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré que se alimentou da realidade dos oprimidos e explorados do Cariri e da história da humanidade para produzir os seus versos afiados com regionalidade e universalidade.
*Coordenador do Coletivo Camaradas, pedagogo e artista/educador.
O Cariri é um misto de confluências de cores e cultos, reduto de engenharia artística em que as engrenagens são movidas pelos fazeres e pensares populares e contemporâneos.
No Cariri a maquina humana bebe do passado e do futuro para alimentar a alma presente. Aqui é terra firme aonde pousam o soldadinho da chapada e os pássaros mecânicos, em que em que a tecnologia de ponta convive com o ferro de passar a carvão. O Cariri perpassa caminhos do autoflagelo marcado pelo catolicismo popular e das profanas músicas da indústria do embrutecimento cultural.
Pelas ruas das cidades temos os contrastes. Temos o budega e o Shopping Center, os possuidores e os despossuidores Temos a vida circulando, num tempo que não pára.
A região tem raízes fincadas numa realidade concreta que indiscutivelmente é associada à confluência da vida, aos intercâmbios, os embates e as influências do campo econômico, geográfico, cultural e social, num continuo processo dialético.
O Cariri não tem formato fechado, pelo contrário tem culturas e artes que são históricas e sociais, como é qualquer outra parte do mundo.
O Cariri não pode ser visto como um fragmento isolado dentro de uma totalidade, mas compreendido como parte entranhada desta totalidade, recheada por antagonismos e confluências nos mais diversos aspectos.
Em tempos de globalização, o processo e as formas de produção e reprodução da existência humana, ocorre numa velocidade quase que instantânea e não estamos inertes a esses acontecimentos.
É deste Cariri do campo e da cidade, da indústria e da oficina de fundo de quintal, do operário e do empresário, da Igreja Católica e dos terreiros das religiões de Matriz Africana, das brincadeiras populares, do imaginário que se mistura com o real, da diversidade e da pluralidade que nos alimentamos.
No entanto é preciso atentar para não caímos no discurso apaixonado que nos coloca distante da realidade e nos encaixota regionalmente. O Cariri é uma região da cultura com suas peculiaridades, como qualquer outra localidade aonde existem homens e mulheres, pois somente com seres humanos é possível se produzir cultura.
A produção simbólica do nosso povo não se fixa no tempo, ela acompanha os acontecimentos, através de sobressaltos, vagarosidades e instantaneidades. As manifestações simbólicas e artísticas permeiam-se dentro do motor da realidade.
A comunhão das danças profanas e sagradas, as vestes dos brincantes, o cordel, as formas de organização dos grupos, os fazeres contemporâneos e populares não são eternos na sua forma original sofrem influências do tempo e do espaço, assim como também acontece com a grande indústria da cultura.
Pensar o Cariri em termos de arte e de cultura como algo eterno e puro é desalojar a capacidade produtiva e criativa do nosso povo. No esmeril da construção humana sofremos uma lapidação de acréscimos, hibridismos e de reinvenção da vida.
No entanto precisamos comer com voracidade a história do nosso povo Kariri, a plural e diversificada produção dos habitantes desta terra e o que a humanidade já produziu e produz, como fez o grande poeta comunista Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré que se alimentou da realidade dos oprimidos e explorados do Cariri e da história da humanidade para produzir os seus versos afiados com regionalidade e universalidade.
*Coordenador do Coletivo Camaradas, pedagogo e artista/educador.
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